Sem referências específicas ao débito da zona do euro, o G20 declarou que a recente volatilidade dos mercados financeiros serve para lembrar que desafios permanecem, apesar da recuperação econômica global.
"Os países com desafios fiscais precisam acelerar o ritmo da consolidação. Celebramos os anúncios recentes de alguns países para reduzir o déficit fiscal em 2010 e fortalecer as instituições financeiras", declarou o G20 em comunicado divulgado após dois dias de reuniões.
Na sexta-feira, o euro caiu para o patamar mais baixo em quatro anos, em parte pelas preocupações de que a Hungria poderia enfrentar uma crise semelhante a da Grécia.
O ministro alemão Wolfgang Schaeuble afirmou que houve concordância durante a reunião de que o esforço para se cortar déficits orçamentários era inevitável.
Ele também disse que os Estados Unidos e outros membros do G20 defenderam um aumento da demanda. "Houve opiniões diferentes sobre isso."
Perguntado se as discussões foram calorosas, o vice-ministro da Economia sul-coreano, Shin Je-yoon, afirmou que "muito quentes".
Numa carta enviada aos ministros na quinta-feira, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, defendeu medidas para estimular a demanda em países como Japão, Alemanha e China, onde há superávits.
No outro tema prioritário em Busan, a reforma financeira global, os ministros reafirmaram novembro como prazo para a definição de regras para desencorajar a tomada excessiva de risco por parte de bancos -- uma das raízes da crise de 2008/2009, que custou aos contribuintes trilhões de dólares.
O G20 disse que terá como objetivo implantar os novos padrões até o fim de 2012. Mas o presidente do banco central da Itália, Mario Draghi, que lidera o Financial Stability Board, disse que o mais provável é que 2012 marque o início de uma gradual entrada em vigor das regras.
Imposto
O encontro também confirmou a vontade de que seja definido, antes de novembro próximo, um novo marco regulatório para o setor bancário e que seja aplicado antes de 2012.
Os ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20 não se pronunciaram, no entanto, sobre a possibilidade de introduzir um imposto mundial aos bancos, cujo produto serviria para financiar futuros planos de resgate em caso de crise financeira. Este projeto é defendido pelos Estados Unidos, mas rejeitado por países como Brasil, Canadá, Índia e Austrália.
O debate sobre o imposto bancário "nos distraiu dos problemas de fundo", criticou o ministro canadense da Economia, Jim Flaherty, segundo o qual a maioria dos países do G20 "não apóia o conceito de uma taxa universal".
Sobre esta questão o G20 limitou-se a desejar "que o setor financeiro dê uma contribuição justa e significativa para pagar toda carga associada às intervenções governamentais, onde acontecerem, para reparar o sistema bancário".
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