Pré-candidata à Presidência da República, Marina Silva (PV) critica ex-governador Blairo Maggi (PR) e garante que deixou o governo após o republicano qustionar a veracidade dos índices de desmatamento
Marina não esconde mágoa de Maggi
A pré-candidata à Presidente da República pelo PV, Marina Silva, não economizou criticas ao ex-governador e pré-candidato ao Senado nas eleições deste ano, Blairo Maggi (PR), com quem ela tem um histórico de embates. Marina teria, inclusive, deixado o ministério do Meio Ambiente, ainda no governo Lula, devido às divergências com o aliado do governo petista. Ela expressa sua mágoa que veio a partir do momento em que o Maggi questionou os dados sobre o desmatamento, divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2007. Marina nunca engoliu o fato de Maggi ter duvidado do órgão que faz a medição do desmate há cerca de 20 anos.
Em entrevista à revista IstoÉ que chega às bancas mato-grossenses a partir deste domingo, Marina afirmou que se sentiria orgulhosa se o Brasil fosse capaz de se colocar no lugar de potência ambiental. Perguntada sobre como se caminha para isto, ela disse que o país precisa de uma nova narrativa para os produtos brasileiros. Esta foi a deixa que ela precisou para citar o republicano. “Quando as pessoas falavam que o governador Blairo Maggi tinha se convertido ao ambientalismo, eu passava por cética. É que eu sabia o que estava acontecendo em Mato Grosso. Saí do governo porque o governador de Mato Grosso queria contrapor os dados do Inpe, que acompanha desmatamento com altíssima tecnologia, reconhecida no mundo inteiro, aos de uma secretaria de Meio Ambiente que tinha acabado de ser criada”, lembrou.
Marina mostra que tem acompanhado os acontecimentos do Estado. Lembrou da Operação Jurupari, deflagrada no último dia 21, quando o ex-secretário por três anos no governo Maggi, Luiz Henrique Daldegan, foi preso pela Polícia Federal. “Eles estavam fazendo apenas fraude política com a questão ambiental e prejudicando o agronegócio do Brasil. Mas saí vitoriosa e quem fez a opção pelo que dizia o Mangabeira, pelo que dizia o Blairo e pelo que dizia o ministro da Agricultura, se não está politicamente derrotado, eticamente está”.
Mesmo diante do relato, Marina afirma que não ficou chocada com o que enfrentou no governo Lula. Para ela foi positivo o fato de 725 pessoas terem sido presas e a PF realizar 25 operações durante o período em que esteve à frente da pasta federal de Meio Ambiente. “Não consigo me vitimizar nessa relação. Não quero fazer isso. Nunca vou fazer isso. Eu tinha grandes aliados: os ministros Ciro Gomes, Luiz Dulci, Tarso Genro, Márcio Thomaz Bastos. O ministro da Defesa sempre foi meu aliado também. Seria impossível prender 725 pessoas, fazer 25 operações da Polícia Federal, acabar com 1,5 mil empresas criminosas, inibir 35 mil propriedades de grilagem na Amazônia se não contasse com uma base de apoio”.
A pré-candidata também mostra sua aversão a Maggi ao ser perguntada sobre doações de campanha. Segundo ela, doações são bem-vindas, mas que de Maggi é uma doação que não aceitaria. “Se o Blairo Maggi, por exemplo, quisesse doar para mim, eu não ia aceitar”.
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