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Educação/Vestibular
Sábado - 05 de Junho de 2010 às 06:23
Por: Carolina Stanisci

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Fábia Cristina Mortean de Medeiros, de 29 anos, passa longas horas fora de casa. Na maior parte do tempo está em três salas de aulas ? em duas, ela é professora e na terceira, aluna. Com uma rotina parecida com a de Fábia, 1.350 professores da rede pública de São Paulo cursam Pedagogia a distância e enfrentam uma jornada tripla para conquistar o diploma de ensino superior.

 

Pedagogia semipresencial, o curso de Fábia, foi a primeira graduação criada pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), num projeto do governo estadual para expandir o acesso ao ensino superior.

Para professores como Fábia, foi uma solução. Ela não conseguiria frequentar todos os dias a aula à noite, pois já trabalha em duas escolas. Fábia se desdobra para conseguir fazer as lições pelo computador em casa e duas vezes por semana tem de marcar presença na aula.

"Gosto bastante de estudar. Todo dia falo para mim "não vou fazer mais nada", mas acabo fazendo alguma coisa", afirma. Alguma coisa, para Fábia, significa acordar às 6 horas em Teodoro Sampaio, no interior paulista, para dar aulas em uma escola técnica em sua cidade. Às 9 horas, ela já está a caminho do distrito de Planalto do Sul, a 30 km de distância, onde é coordenadora de outra escola.

Duas vezes por semana, a professora pega um ônibus para Presidente Prudente, a 120 km de Teodoro Sampaio, onde fica o polo presencial do curso. A aula vai das 19 até as 23 horas.

Rotina parecida à de Fábia enfrenta Patricia de Souza, de 23 anos. Ela mora em Itaberá, também no interior. Trabalha pelas manhãs em uma escola municipal, na área de educação infantil. À tarde, dá aulas para a 3.ª série do ensino fundamental em um colégio particular.

Duas vezes por semana, Patricia sai correndo da escola para pegar a tempo um ônibus para Itapeva, a 36 km de sua cidade. "Compensa o esforço, pois além de o curso me dar uma base para o trabalho, meu salário também vai subir." Como Fábia, se o curso não fosse virtual, Patricia não acompanharia as aulas. Ela já havia tentado cursar Pedagogia, mas não conseguiu: "Não dava tempo."

Fábia é exceção em sua turma, pois já tem curso superior. Fez Letras e pós-graduação em Literatura e Língua Portuguesa em instituições privadas. Mesmo assim, considerou importante se especializar no assunto com o qual trabalha.

Esquema. O curso da Univesp é 40% presencial e 60% a distância. Nas aulas presenciais, os estudantes contam com o apoio de um orientador que explica como usar o ambiente virtual. O material de apoio consiste em uma apostila com textos de doutores em Pedagogia. Os alunos também assistem a programas curtos produzidos pela TV Cultura.

No site, fazem atividades, leem textos complementares e têm até um diário de bordo, onde registram impressões sobre o curso. "O material está todo digitalizado no ambiente virtual. Brinco que se os alunos quiserem ir à praia, só precisam carregar o computador", afirma o coordenador do Núcleo de Educação a distância da Unesp, Klaus Schlünzen Junior.

O único porém do curso é o acesso a livros de papel, como relata Cristiane, que é auxiliar de desenvolvimento infantil numa creche. No polo presencial de Tupã, não há biblioteca especializada em Pedagogia. Se ela precisa consultar alguma publicação, tem que fazer um pedido para uma biblioteca de outro polo.

O secretário do Ensino Superior, Carlos Vogt, diz que pretende ampliar o acesso a bibliotecas, mas sua maior aposta é no virtual. "Estamos constituindo acervos virtuais para que o aluno possa baixar o livro."






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