O epidemiologista chefe do Ministério da Saúde, Henry Akpan, disse que já foram notificados 355 casos em seis localidades remotas do Estado de Zamfara, norte do país, e que 111 dos mortos eram crianças, muitas delas menores de cinco anos.
Segundo ele, há uma incidência excepcional de dores abdominais, vômitos, náuseas e eventualmente convulsões. "Essa gente esteve em torno da área onde estão escavando ouro. A taxa de mortalidade é de 46%."
A Nigéria pediu ajuda a entidades internacionais, como Organização Mundial da Saúde (OMS), Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos e o Instituto Blacksmith, de Nova York.
As aldeias atingidas ficam numa região pobre na chamada Faixa do Sahel, que antecede ao deserto do Saara, e a maioria dos seus habitantes trabalha no garimpo ou na agricultura de subsistência.
Akpan disse que o número de casos caiu desde abril, quando as autoridades passaram a reprimir os garimpos e a retirar moradores de áreas contaminadas. "Conseguimos dominar isso (...). Estamos vencendo", disse ele.
Embora seja um Estado pobre, Zamfara tem possivelmente grandes jazidas minerais, inclusive de ouro, cobre, ferro e manganês. O presidente Goodluck Jonathan recentemente inaugurou uma usina de processamento mineral na região, e o Estado quer atrair mais investimentos.
Um porta-voz do governo estadual disse não ter qualquer informação sobre contaminação por chumbo. "Não existe nada disso", afirmou.
Muitas vítimas morreram após entrar em contato com ferramentas, terra ou água com concentrações elevadas de chumbo.
O excesso desse metal no organismo pode afetar vários órgãos, incluindo os sistemas nervoso e reprodutivo e os rins. O chumbo é especialmente nocivo para crianças pequenas e para grávidas.
Estudos sugerem que uma concentração a partir de 10 microgramas por decilitro de sangue já causam efeitos adversos para o aprendizado e o comportamento, segundo o site da OMS.
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