Caminhões do Brasil transportando produtos enlatados, por exemplo, ficaram retidos na fronteira, enquanto supermercadistas argentinos cancelaram pedidos de alimentos importados do Brasil que também são produzidos pela indústria local. Mesmo sem a existência de um documento do governo argentino oficializando a ordem do secretário, as barreiras entrariam em vigor na última terça-feira.
No entanto, o bloqueio não foi concretizado e o que permaneceu foi uma uma situação indefinida do ponto de vista oficial. Numa carta enviada na quarta-feira ao secretário de Comércio Interior, os empresários argentinos afirmam que é necessário analisar as características das importações de produtos alimentícios industrializados brasileiros "a fim de constatar se eles complementam as estritas necessidades básicas de consumo geral, sem afetar o desenvolvimento e o crescimento da produção argentina."
Os importadores também apoiam a criação de um sistema de pagamento em moeda local para todas as operações de compra de produtos industrializados brasileiros, com o objetivo de "ampliar a integração com o nosso principal sócio comercial na região".
A discussão sobre operações com moeda local, aliás, é um dos temas que serão discutidos na semana que vem entre os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, com os ministros argentinos Amado Boudou, da Economia, e Débora Giorgi, da Indústria e Turismo.
A reunião será em Buenos Aires, em dia ainda não definido, e foi acertada entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner quando participaram, na semana passada, no Rio de Janeiro, do Fórum Mundial da Aliança de Civilizações.
Na carta enviada ao secretário Guillermo Moreno, os importadores argentinos também lembram que os impactos negativos da crise internacional ainda não foram totalmente superados. Por isso, dizem, é necessário que as importações de produtos industrializados do Brasil, e também da Europa, sejam analisadas caso a caso "para evitar, não apenas problemas na relação bilateral, mas prejuízos para a indústria argentina de alimentos".
Os importadores também ressaltam, na carta, que participarão mais intensamente do desenvolvimento das exportações de produtos locais, aproveitando todos os contatos internacionais que estabeleceram ao longo dos anos.
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