Em comunicado lido ao fim da reunião de emergência do CS -- que durou mais de doze horas -- os membros do conselho condenaram o ataque que deixou ao menos nove mortos.
A declaração, lida pelo presidente em exercício, o embaixador do México Claude Heller, afirma que a "situação de Gaza não é aceitável" e retoma a resolução 1860, de janeiro de 2009, que exige a livre distribuição de alimentos, combustíveis e medicamentos em Gaza -- o CS exigiu que Israel implemente a resolução.
Pede ainda uma investigação "rápida, imparcial, credível e transparente conforme as normas internacionais". Heller afirmou que ainda será decidido que fará as investigações.
Segundo a agência Reuters, diplomatas teriam dito que a palavra "independente" foi retirada logo nos primeiros rascunhos da declaração, nos quais Israel estaria impedido de realizar as investigações. Por insistência dos EUA, o termo foi retirado. Alejandro Wolff, embaixador-adjunto dos EUA frente ao Conselho, afirmou que "apoia uma investigação israelense e confia que Israel possa conduzi-la de forma credível, imparcial e transparente, conforme as normas internacionais".
Em declarações individuais anteriores à reunião, os 15 membros do Conselho condenaram o ataque. "Está mais claro do que nunca que as restrições de Israel a Gaza precisam ser abordada conforme a resolução 1860", disse o representante do Reino Unido, Mark Lyall Grant. Ele afirma que o bloqueio atual é "inaceitável e contraproducente".
França, Rússia e China -- que também são membros permanentes do CS -- também pediram a suspensão do bloqueio e uma investigação do ataque.
Os EUA não defenderam a suspensão do embargo, porém pediu para que ele seja aliviado. "Vamos continuar pedindo diariamente a Israel que amplie a gama de bens e suprimentos enviados a Faixa de Gaza para atender às necessidades da população", disse o americano Wolff.
Segundo a representante brasileira no Conselho, Maria Luiza Ribeiro, o Brasil recebeu a notícia "com pesar" e defendeu a necessidade de suspender o embargo "pois ele viola o direito internacional".
O ministro de Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, atacou Israel diretamente. "É um assassinato cometido por um Estado". Os navios saíram da Turquia levando ajuda humanitária a Gaza. "Um Estado que cometeu esses crimes perde toda a legitimidade na comunidade internacional".
O representante de Israel, Daniel Carmo, afirmou que não há crise humanitária em Gaza. "Embora a mídia os apresente como uma missão humanitária para levar ajuda a Gaza, esta frota não era nada humanitária", disse.
"Não eram ativistas da paz, não eram mensageiros da boa vontade", disse o israelense. "Eles usaram cinicamente uma plataforma humanitária para enviar uma mensagem de ódio e implantar a violência".
Segundo fontes disseram a agência de notícias France Presse, a reunião do CS se estendeu por causa da disputa entre EUA e Turquia, que debateram cada determinação. Segundo diplomatas, enquanto a Turquia defendia a condenação de Israel, os EUA tentavam amenizar.
Detidos
O ministro israelense de Segurança Interna, Yitzhak Aharonovitch,disse que a maioria dos detidos será liberada para partir assim que passarem por um processo de exames e interrogatório que dura cerca de meia hora. As exceções seriam os supostos de estarem envolvidos em violência, que devem ser processados.
"Eles vão passar por um exame médico, uma investigação, interrogatório, e depois, quem quiser deixar Israel. pode ir para o aeroporto [de Tel Aviv]" disse ele à TV local.
O Exército de Israel atacou na madrugada desta segunda-feira um comboio de barcos organizado pela ONG Free Gaza, um grupo de seis navios, liderados por uma embarcação turca, que transportava mais de 750 pessoas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a faixa de Gaza, deixando ao menos dez mortos e cerca de 30 feridos.
A cineasta brasileira Iara Lee estava a bordo de um dos barcos atacados na manhã desta segunda-feira por Israel, segundo a Folha apurou.
Autoridades israelenses localizaram a cineasta brasileira Iara Lee, que estava em uma das embarcações da flotilha que seguiria para Gaza e, na lista de passageiros, constava como cidadã norte-americana, informou a Embaixada israelense em comunicado.
"Iara Lee está em boas condições de saúde e recusou a opção de deixar o país voluntariamente. Neste momento está com as autoridades israelenses aguardando ser deportada."
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