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Saúde
Segunda - 31 de Maio de 2010 às 08:05
Por: Felipe Maia

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Pesquisa mostra que meninas estão fumando mais que meninos
Pesquisa mostra que meninas estão fumando mais que meninos
O índice de brasileiros que fumam vem caindo nas últimas décadas, passando de 33% em 1989 para 15% em 2008, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas há um grupo específico preocupa os especialistas: as jovens e adolescentes, que têm experimentado mais o cigarro do que os meninos. Esse cenário não se limita ao Brasil, tanto que a OMS (Organização Mundial da Saúde), escolheu o tema Gênero e Tabaco com Ênfase no Marketing para Mulheres como tema para o Dia Mundial Sem Tabaco, que acontece nesta segunda-feira (31).

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, diz, em comunicado, que a tendência em alguns países é "extremamente preocupante". Apesar de, historicamente, os homens fumarem mais que as mulheres, que representam apenas 20% dos fumantes, há indícios de que em certas regiões o problema cresce mais entre as meninas. Em metade dos 151 analisados pela OMS sobre o assunto, as garotas já fumam tanto quanto os garotos, diz Chan.

- O uso do tabaco não é libertador ou glamuroso. É viciante e mortal. 

No Brasil, uma pesquisa feita pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) com 2.829 alunos de escolas públicas de São Paulo mostra que as meninas já estão fumando mais que os meninos. O levantamento apontou que 10% dos estudantes dos ensinos Fundamental e Médio fumam - desse total, 61% são garotas e 39%, garotos. E 59% delas usavam o produto no período entre um a três anos.

Silvia Cury, do comitê antitabaco da Sociedade Brasileira de Cardiologia e coordenadora da pesquisa, aponta diferenças na motivação para começar a fumar: enquanto eles aderem ao tabagismo para fazer parte do grupo ou pelo modelo que têm em casa, em geral elas colocam o cigarro na boca por questões pessoas e para lidar com fatores como ansiedade e estresse.

- O cigarro libera substâncias que aumentam o prazer, então se ela está triste ou chateada o fumo é uma forma de ficar mais alegre. Elas fazem essa associação, mesmo que não percebam.

O problema é que, por razões hormonais, as mulheres estão mais sujeitas às doenças relacionadas ao tabaco. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), as fumantes correm risco de problemas como infertilidade, câncer de colo de útero, doenças cardiovasculares e respiratórias, menopausa precoce, cólicas menstruais e problemas durante a gravidez.

Além disso, as mulheres estão sujeitas a uma combinação perigosa, do uso de cigarro e pílula anticoncepcional, que o pneumologista José Miguel Chatkin, da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), classifica como "bomba relógio". Esses dois produtos aumentam a viscosidade do sangue, facilitam a formação de coágulos e tornam as usuárias mais suscetíveis a problemas graves como trombose e acidente vascular cerebral.

- A mulher tem que fazer uma escolha: ou ela fuma ou usa anticoncepcional. É uma mistura explosiva.

Cigarro fica mais feminino

Na campanha deste ano, a OMS critica principalmente as estratégias de marketing das fabricantes de tabaco, que estariam apostando principalmente nas mulheres para conter a perda existente entre os homens. Isso acontece mesmo nos países que restringem fortemente a propaganda desses produtos, como é o caso do Brasil.

Uma das estratégias, diz a organização, é investir no lançamento de cigarros do tipo "light", "baixo alcatrão" ou "suave", que são mais usados pelo público feminino, sob a justificativa errada de serem mais "seguros" – esse tipo de produto tem a mesma quantidade de alcatrão, nicotina e outras substâncias, apresentando os mesmos riscos para a saúde. Também há incentivo para a fabricação de cigarros mais finos, coloridos e embalagens mais chamativas, diz a OMS.

– As mulheres são os principais alvos da indústria. Isso porque menos mulheres fumam ou mascam tabaco: apenas 9% delas fumam, enquanto o índice entre eles é de 40%. Dos mais de 1 bilhão de fumantes no mundo, apenas 200 milhões são mulheres. Com os homens, a indústria não tem mais espaço para crescer.

A pneumologista Cristina Cantarino, chefe do Centro de Tratamento de Tabagismo do Inca, diz que é importante combater a prática entre as mulheres em razão da importância e da influência que elas têm sobre a família. Isso porque a chamada "fumaça de segunda mão", que também expõe não fumantes aos malefícios do cigarro, também tem efeitos graves sobre a saúde.

– Normalmente elas têm mais contato com as crianças, o que faz com que os pequenos fiquem mais expostos à fumaça do tabaco. Muitas mulheres só fumam dentro de casa quando as crianças não estão, mas isso também é prejudicial à saúde, porque a fumaça fica impregnada.

Um estudo divulgado no começo desse ano indicou que a nicotina liberada em forma de fumaça pode ficar depositada por meses nas paredes, móveis e cortinas. Quando a nicotina residual reage com o ácido nitroso do ambiente, forma substâncias cancerígenas.




Fonte: do R7

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