O Ministério Público do Paraná abriu investigação para apurar denúncia de ampliação irregular do aterro sanitário de Curitiba, depósito de lixo que tem de ser desativado em novembro.

Moradores do bairro Caximba, onde fica o aterro, encaminharam a denúncia com fotografias que apontam a suposta ampliação.

O grupo de habitantes do Caximba apresentou ao Ministério Público imagens dos supostos locais irregulares, como a estrada localizada em volta do aterro.

De acordo com os moradores, as margens desta via estão sendo preparadas com a cobertura de mantas plásticas, para receber novos resíduos. Saturado, o depósito de lixo funciona com autorização judicial.

A Promotoria do Meio Ambiente pediu ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) que faça a fiscalização para verificar se as informações repassadas pelos moradores procedem.

O Ibama tem prazo de dez dias para responder ao pedido. "Estamos desde 2004 dizendo para que os administradores públicos adotem medidas para reduzir o lixo que vai para a Caximba", afirma o procurador do Meio Ambiente, Saint-Clair Honorato dos Santos.

O comerciante Jadir de Lima, que preside a Adecom (Aliança de Desenvolvimento Comunitário da Caximba), afirma que a prefeitura não respeitou ordem judicial.

"Eles jamais poderiam usar áreas novas para continuar a jogar lixo no aterro. Isso foi uma ampliação ilegal."

Segundo Lima, moradores passaram a sentir nos últimos dias um forte mau cheiro semelhante ao de gás exalado do aterro. A Caximba recebe os detritos de Curitiba e outros 17 municípios da região metropolitana.

"Aquele aterro é uma bomba relógio. Estamos lutando há mais de dois anos para fechar aquele lugar", afirma o ex-presidente do IAP (Instituto Ambiental do Paraná, do governo do Estado) Victor Hugo Burko.

OUTRO LADO

A prefeitura nega estar desrespeitando um acordo feito sobre as áreas antigas do aterro. O acerto teve respaldo judicial por meio de laudos técnicos.

Segundo sua assessoria, as áreas serão reutilizadas para continuar a receber os detritos até o encerramento das atividades do aterro.

Uma licitação comandada pela prefeitura, alvo de constantes paralisações judiciais, tenta colocar fim ao impasse.

O plano é estabelecer um novo consórcio privado para o recolhimento e beneficiamento do lixo, mas não há previsão para o desfecho da concorrência em razão das pendengas jurídicas.

Como forma emergencial, quando fechar o aterro da Caximba, a prefeitura planeja contratar áreas emergenciais para receber o lixo até a definição da licitação.