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MT Eleições 2014
Domingo - 30 de Maio de 2010 às 08:42
Por: Marcos Lemos

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"Nos últimos quatro anos eu tive que lutar pela sobrevivência, não tenho aposentadoria parlamentar, não tenho recursos"
Se considerando mais maduro e defendendo o diálogo pelo bem de Mato Grosso e de sua sociedade, o ex-senador Antero Paes de Barros (PSDB), o único cuiabano que disputará as eleições majoritárias neste ano, considera que seu passado o coloca numa condição privilegiada para concorrer novamente ao Senado da República, mas ressalta que a eleição será difícil para ele e para seus adversários.

Antero, que foi vereador, deputado federal, senador e agora aparece como segunda opção de votos para senador nas pesquisas de intenções de voto, assegura que seus cabelos brancos são o motivo de mudar seu jeito de fazer política e que vai tratar a todos, adversários ou não com respeito e no debate das ideias.

Antero defende ainda o fim da reeleição para presidente da República com um mandato de 5 ou 6 anos, e somente uma reeleição para os legisladores a não ser que mudem de esfera, ou seja, de vereador, para deputado estadual, federal, senador ou prefeito. Para ele, política não pode ser profissão.

Ele defende os incentivos fiscais, além do retorno do BID Pantanal que, segundo ele, se estivesse em funcionamento seria o maior programa ambiental do Brasil.

A Gazeta - Como é ter de volta a possibilidade de conquistar um novo mandato eletivo já que o senhor é apontado como segunda opção para o Senado da República?

Antero - Na verdade, pesquisa é sempre fotografia de momento. A eleição será difícil. O homem conseguiu inventar muitas coisas, avião, televisão, fotografia, internet, foguete para ir a lua. Tema que o homem não conseguiu inventar, eleição fácil, mas vai ser difícil para mim e para meus concorrentes. Não tem eleição fácil.

Gazeta - Mas o fato de o senhor ser a preferência no segundo voto de todos os demais candidatos, já que estão em disputa duas vagas para Senador como pode ser justificado?

Antero - O fato de aparecer na segunda colocação é o reconhecimento do período em que estive como senador entre os anos de 1998 a 2006. Só pode ser isto, porque nos últimos quatro anos eu tive que lutar pela sobrevivência. Eu não tenho aposentadoria parlamentar, não tenho recursos. Tive que trabalhar para sobreviver, então não tive tempo sequer para visitar municípios, para fazer política. Fiquei aqui trabalhando nas minhas atividades de jornalista e advogado.

Gazeta - E daqui para frente?

Antero - Existem várias situações importantes. Se eu tiver a chances de ganhar as eleições, se me for dado a honra de receber o apoio da população, quero me centrar na retomada do BID Pantanal que era de U$S 200 milhões de dólares. Tive a honra de votá-lo como senador. Esses recursos estão aprovados. Não dependem de nada, apenas da contratação. Aliás os primeiros recursos no valor de U$S 77 milhões foram liberados no final do governo Dante de Oliveira.

Gazeta - Por que eles não chegaram?

Antero - Chegaram sim, mas foram devolvidos pelo governo Blairo Maggi, que não se interessou em aplicá-los, pois 5% do total tinham que ser investidos em fiscalização ambiental e este governo no começo não tinha interesse neste tipo de fiscalização. O Programa Pantanal tem que ser reativado, pois ele cuida do saneamento básico de todas as cidades cuja às águas chegam ao Pantanal. É a maior obra ambiental do país.

Gazeta - O senhor é a favor da política de incentivos fiscais que segundo o governo se tornou a mola propulsora do desenvolvimento de Mato Grosso?

Antero - Primeiro de tudo, a política de incentivos fiscais que deu certo foi no governo Dante de Oliveira. A cadeia do algodão saiu de uma produção de 4% no Estado para mais de 56% graças a redução do ICMS. A indústria que chegará a Cuiabá nos próximos anos é por causa da qualidade e quantidade do algodão produzido aqui, graças a pesquisas custeadas pelo Estado no passado.

Gazeta - E a questão envolvendo o PAC e os recursos sem aplicação?

Antero - Se o governo do Estado não tivesse renunciado aos recursos do Bid-Pantanal não existiriam problemas de saneamento. O PAC não dá certo no Brasil inteiro. Do Oiapoque ao Chuí não tem PAC. Tá tudo empacado. O PAC foi uma jogada publicitária, não um grande programa de obras e vou te dar um exemplo, a obra da Eta Tijucal foi iniciada com uma emenda de minha autoria e dos deputados Wellington Fagundes e Thelma de Oliveira. Nesta época não se falava em PAC e de uma hora para outra vira uma obra do PAC, uma espalhafatosa mentira.

Gazeta - Qual sua visão a respeito das emendas e do orçamento impositivo?

Antero - Quem critica emenda são as viúvas da ditadura. Na ditadura não tinha emenda. A ditadura não permitia que os parlamentares participassem da alocação de recursos para o desenvolvimento nacional. Os militares sabiam de tudo.

Gazeta - Mas e as especulações de que os parlamentares utilizam das emendas para benefício próprio?

Antero - O que se precisa combater é a corrupção. Não é a emenda e sim a corrupção. Não adianta falar que tirando a emenda acaba a corrupção porque a origem da corrupção não é o parlamentar. É mais fácil se falar do parlamento por ser ele o único poder desarmado da República. A origem é no Executivo. Se existe corrupção é no executivo, pois o parlamentar indica a emenda, não faz licitação, não contrata, não assina e não libera.

Gazeta - Mas muitos criticam os parlamentares e os tacham de meros despachantes do Executivo?

Antero - Eu não agi assim e muitos também não. Oposição é para opor. Fui senador com Fernando Henrique Cardoso defendi o governo e participei do desenvolvimento do Estado. Quando fui senador de oposição eu tenho certeza que fui quem mais ajudei o governo Lula.

Gazeta - Como assim?

Antero - Imaginem o que seria o governo Lula, com Waldomiro Diniz e os seus escândalos. Fui eu quem o derrubei. Imaginem o que seria o Lula com Delúbio Soares, fui eu que tirei e assim com o Zé Dirceu que se estivesse até hoje lá seria o candidato a presidente da República e não a Dilma Roussef e muitos outros como o ministro da Fazenda que quebrava sigilo de caseiro. Pense bem, o governo recuperou mais de R$ 40 bilhões em função da CPI do Banestado. Então eu ajudei muito o governo Lula.

Gazeta - Mato Grosso vive momentos de dificuldades com uma série de escândalos? O senhor também os vê com motivação política?

Antero - O próprio governo reconheceu que houve superfaturamento de R$ 44 milhões na aquisição das máquinas. Agora não tem autoria. Quem levou vantagem? Quem pegou o dinheiro. A Constatação é superficial. Tenho procurado não fazer críticas pessoais e cobrar apuração.

Gazeta - O senhor votou como senador pela reeleição dos Executivos?

Antero - Votei contra e continuo contra. Não é uma boa e vou falar mais temos que evoluir também para o legislativo. Uma reeleição está de bom tamanho para os legisladores que podem trocar para outro mandato, agora presidente da República deveria ser 5 ou 6 anos sem direito a reeleição, ou então com um mandato dentro e outro fora.

Gazeta - Existem rumores de que a coligação com o DEM não vai se consolidar. Isto é verdade?

Antero - Ela está consolidada. Esse negócio do DEM ser adversário do PSDB só aconteceu no século passado. Falo com a tranquilidade de quem está há 12 anos lutando pela união com o DEM que antes era PFL. Pessoalmente tenho me manifestado assim. Quando eu disputei contra Blairo Maggi em 2002 eu queria unir com o PFL. Houveram declarações contrárias que cheguei a comentar com o então presidente Fernando Henrique e ele me disse que isso era uma tremenda bobagem, pois em nível nacional o PFL e o PSDB eram aliados.

Gazeta - Qual a certeza que o senhor tem desta coligação?

Antero - Tenho que fazer um reconhecimento de público. A viabilidade da vitória de Wilson Santos e minha nós vamos ser eternamente devedores dos Democratas. Não tenho dúvida disto, tanto por parte dos deputados como por parte do senador Jaime Campos. Ele tem sido um líder extraordinário e é o grande fiador desta aliança.

Gazeta - E quanto a eleição de José Serra. Existem dúvidas?

Antero - Tenho certeza da vitória de José Serra. Sou o maior admirador de Pelé. Ele foi e continuará sendo um gênio da bola, mas errou quando disse que o povo brasileiro não sabia votar. Sabe, vota bem e vai votar em Serra e em Wilson.

Gazeta - O que mudou no Antero vereador, deputado federal e senador para o Antero candidato?

Antero - Muitas coisas. Primeiro os cabelos brancos. Uma foto hoje e a de minha primeira eleição em 1998 para senador eu tinha fiapos de cabelos brancos hoje é o contrário. A gente aprende com o passar dos anos. Me considero uma pessoa mais experiente, mais maduro. Aprendi com o sofrimento e com as injustiças. Hoje sei que não se deve fazer política no campo pessoal. Eu não fiz, não faço e não farei na campanha nenhuma crítica pessoal aos meus adversários. Tenho respeito por todos. Vou discutir as propostas com as quais pretendo chegar ao Senado e enfim, vou fazer um debate qualificado para ter novamente o privilégio de defender Mato Grosso.





Fonte: A Gazeta

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