"O presidente Uribe e eu não fechamos as portas para o diálogo e jogamos a chave fora. Se há uma vontade real de sentar-se para chegar a um acordo estaria à disposição de dialogar", afirmou Santos em entrevista coletiva em Bogotá.

Santos disse que para estabelecer um diálogo com a guerrilha, as Farc teriam de libertar os 23 oficiais colombianos que continuam em cativeiro, abandonar o sequestro e "todas as formas de terrorismo".

"Enquanto as Farc continuarem fazendo terrorismo não haverá nenhuma possibilidade de diálogo", afirmou.

Ex-ministro de Defesa de Uribe, Santos prometeu dar continuidade à política de Segurança Democrática do presidente colombiano, carro-chefe da atual administração, baseada na solução militar e não negociada para o conflito armado colombiano, que dura mais de 60 anos.

Santos voltou a afirmar que buscará restabelecer o diálogo com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e com o equatoriano Rafael Correa.

UNASUL

Em relação ao Conselho de Defesa da Unasul, que havia sido criticado por Santos durante a crise gerada em torno do acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos, o candidato governista disse discordar de um papel deliberante deste organismo.

"A Unasul não nasceu para ser um acordo de proteção militar entre os países. É um acordo para intercambiar informação militar", disse, acrescentando acreditar que desta forma "a Unasul não terá problemas".

Santos disse apoiar a Unasul como organismo complementar e não substituto de outras organizações multilaterais. Os governos da Venezuela, Bolívia e Equador têm criticado abertamente o papel desempenhado pela Organização de Estados Americanos (OEA) na região e defendem sua substituição por um outro organismo que não tenha vínculos estreitos com os Estados Unidos.

"A Unasul como uma contraposição a outros organismos internacionais, que seja o substituto de algum acordo interamericano, acredito que por esse caminho não chegaríamos a nenhum lado", afirmou Santos. "Se é um complemento, não teríamos nenhum problema", acrescentou.

De acordo com pesquisas, Santos e o candidato do partido Verde, Antanas Mockus, estão em empate técnico na preferência dos eleitores colombianos que irão às urnas neste domingo escolher o novo presidente do país.

Se confirmado esse prognóstico, ambos os candidatos disputarão um segundo turno no dia 20 de junho.

Se eleito, Santos prometeu formar um governo de unidade com os demais partidos políticos e se comprometeu publicamente à não formar alianças com os novos parapoliticos que foram eleitos ao Congresso em março.

"Haverá zero acordos com o PIN (partido que reúne políticos vinculados com paramilitares)", afirmou.

POLÊMICA

A um dia das eleições, a descoberta de um encontro entre Santos e o sindicato de trabalhadores da Registradoria, uma espécie de fórum eleitoral colombiano, abriu o precedente para novas especulações sobre uma suposta fraude eleitoral.

Santos foi visto em um restaurante com o funcionário na sexta-feira. O diretor da Registradoria, Carlos Sanchez, admitiu mal-estar com a situação.

"É preocupante que se chegue a acreditar que este tipo de situação faça com que a Registradoria não seja um órgão imparcial", afirmou Sanchez às rádios locais.

Em um comunicado oficial, assessores de Santos afirmaram que o encontro com Daniel Bohorquez, presidente do sindicato, teve como objetivo expressar a necessidade de que os trabalhadores da entidade se comprometessem a garantir eleições com "a maior eficiência possível e com absoluta transparência".

O candidato presidencial Rafael Pardo disse ser "estranhado" que faltando dois dias para as eleições, o candidato governista tivesse um encontro com este funcionário.

"É absolutamente insólito que um candidato presidencial, a dois dias das eleições, tenha tempo para se reunir com o presidente do sindicato, quando o Registrador (diretor do organismo), hoje mesmo, denunciou que há máfias eleitorais internas que buscam fazer fraude", afirmou Pardo à rádio Caracol.

O candidato Antanas Mockus disse que em seu comitê de campanha neste sábado que "teria preferido que essa reunião não tivesse ocorrido".