Prefeitos cassados, Clovis e Marcelo são acusados de comprar decisão
Os prefeitos cassados de Poconé, Clovis Martins (PTB), e Barão de Melgaço, Marcelo Ribeiro (PP), estão entre os suspeitos de terem comprado decisão judicial junto ao Tribunal Regional Eleitoral pela permanência no cargo. No caso de Clovis, em meio a vários embates, ele acabou tendo o registro cassado há um mês, mas continua no cargo, assim como a vice Nilce Meire Rodrigues Leite (PT), simplesmente porque o TRE não fez o comunicado formal. A partir dessa oficialização, passará a comandar o município o presidente da Câmara Municipal, vereador Nei Rondon, do mesmo PTB de Clovis, enquanto não se realiza eleição suplementar.
Clovis é acusado de ter cometido abuso de poder econômico. Ele comprou voto na base da oferta de emprego na prefeitura. Tinha conseguido a reeleição sobre Euclides Santos (ex-PMDB e hoje no PSDB), foi cassado em junho do ano passado pelo juiz da 4ª Zona Eleitoral de Poconé, Edson Dias Reis. Clovis recorreu e, poucos dias depois, conquistou liminar para reassumir o posto. No julgamento do mérito, foi derrotado de vez. O parecer do relator Samir Hammoud foi pelo provimento do recurso. Acompanhou a relatoria Eduardo Jacob. Já os membros do Pleno César Augusto Bearsi, Sebastião de Arruda Almeida, Jorge Luiz Tadeu Rodrigues e Rui Ramos Ribeiro, negaram provimento.
Em conversas telefônicas monitoradas pela Polícia Federal, sob determinação do Superior Tribunal de Justiça, na investida para apurar suposta venda de sentença, Clovis é flagrado com o ex-prefeito de Alto Paraguai Alcenor Alves, que foi preso na operação Asafe. Alcenor atuava como espécie de elo com membros do Pleno do TRE e, nos diálogos, confessa envolvimento no esquema. Entre os juízes-membros investigados estão Jacob e Evandro Stábile.
Outra situação considerada escabrosa é sobre o processo eleitoral de Barão de Melgaço. O ex-vereador cuiabano Marcelo Ribeiro foi eleito prefeito, mas perdeu o registro. A sentença partiu do juiz da 38ª Zona Eleitoral, Lídio Modesto. Marcelo responde por abuso de poder econômico e político, compra de votos e ficou inelegível por três anos. O segundo colocado Antonio Ribeiro Torres assumiu o posto por alguns dias. Marcelo conseguiu reverter a situação junto ao TRE. Uma sindicância apura denúncia de que o presidente do TRE, desembargador Evandro Stábile, teria levado vantagem financeira para votar pelo retorno de Marcelo à prefeitura.
O nome de Stábile é citado também em gravações telefônicas e há até registros fotográficos sobre encontro do magistrado com Diane Alves, que chegou a assumir a cadeira de prefeita de Alto Paraguai. Um dos diálogos sustenta que Alcenor, marido de Diane e tido como articulador junto ao TRE, não teria feito pagamento da negociata a Stábile e, por isso, o desembargador, no voto minerva, se manifestou favorável ao retorno ao cargo de Adair Alves, hoje prefeito.
Em Barão de Melgaço, Poconé e Alto Paraguai, o clima é de expectativa sobre as investigações que estão fechando o cerco contra alguns membros do Pleno do TRE e também dos gestores envolvidos no processo. A situação não é diferente do que se constatou em outros municípios nas eleições de 2008, como em Sinop, Rondonópolis, Poxoréu, Paranatinga, Ribeirão Cascalheira e General Carneiro.
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