Para presidente do BNDES, o Brasil será afetado no comércio externo
Efeito global de mais esta convulsão levará dois anos
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou ontem que a crise na Europa é "preocupante" e que terá impacto nas exportações brasileiras para o continente, responsável por 22% do comércio exterior do País. Apesar do "efeito global da crise", o executivo acredita que os desdobramentos para a economia brasileira serão reduzidos.
"O problema da economia brasileira não é o de crescer. É o de crescer demais", disse. Segundo ele, o trabalho atual do governo federal é moderar o crescimento da economia para que não gere pressões inflacionárias. O fato da pauta de exportações brasileira ser diversificada é outro ponto levantado por Coutinho que minimizaria os reflexos negativos da crise para o país.
O presidente do BNDES lembra que o comércio com economias asiáticas vem aumentando nos últimos anos, o que pode compensar a queda nas vendas para a Europa. "Com esta crise, o prazo de recuperação europeia deve ser ampliado por pelo menos dois anos e isso deve fazer com que a recuperação mundial dependa mais uma vez quase que exclusivamente das economias emergentes, como China, Índia e Brasil. Esses países já têm demonstrado uma capacidade quase autônoma de crescimento", previu.
Durante uma palestra no III Foro Brasil-União Europeia, Coutinho afirmou que os investimentos totais na cadeia produtiva do petróleo podem chegar a US$ 202,2 bilhões entre 2009 e 2013. O levantamento inédito apresentado pelo executivo considera além do orçamento de US$ 112 bilhões da Petrobras para o período, o impacto que essa cifra terá sobre o restante da cadeia produtiva. A expectativa é de que gere mais US$ 90 bilhões em investimentos indiretos.
Pelo estudo, os projetos ligados à exploração e produção de petróleo na camada pré-sal vão representar 22% do total de US$ 202,2 bilhões. A previsão é de que o setor de serviços seja o mais beneficiado pelos efeitos indiretos dos investimentos programados pela estatal, gerando US$ 34 bilhões. Já o segmento de máquinas e equipamentos é o que vai receber mais recursos diretos da Petrobras (US$ 43,1 bilhões), mas, a aplicação dessa cifra vai proporcionar um efeito indireto mais modesto, de US$ 8,3 bilhões.
Para Luciano Coutinho, o Brasil não pode ser apenas um comprador de equipamentos e exportador de petróleo bruto, modelo adotado por alguns países com grandes reservas de óleo e gás.
"Nós temos de desenvolver uma base grande de produção aqui. A escala do investimento é muito grande, temos uma base que vai precisar de mais siderurgia, com mais chapa grossa, de mais insumos para siderurgia, vai precisar de mais ferrovias, estaleiros, mais equipamentos", explicou.
DESAFIO - Segundo ele, promover o desenvolvimento dessa grande cadeia produtiva é um desafio, porque não seria "inteligente" para o Brasil optar por um modelo de país exportador, que apenas vende o petróleo, sem promover o crescimento da indústria local.
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