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Sábado - 29 de Maio de 2010 às 01:02
Por: Jean Campos

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Relatório incluído no processo sigiloso que originou a operação Asafe, que investiga suposta prática de venda de sentenças no Judiciário de Mato Grosso, aponta Ivone Reis de Siqueira e Célia Cury, esposa do desembargador aposentado compulsoriamente José Tadeu Cury, como “o centro da organização”. Ambas foram presas. Ivone foi solta um dia após a detenção e Célia, cinco dias depois, devido ao vencimento do mandado de prisão temporária.

Conforme os autos, Ivone teria uma estreita ligação com Célia Cury. Elas teriam atuado com atribuições semelhantes e complementares, que consistiam em manter contato com a parte interessada na decisão judicial e com o desembargador ou juiz que prolataria a decisão favorável. “É certo que ao menos a ocorrência dos crimes de exploração de prestígio está demonstrada principalmente por parte das duas investigadas, diante de todo o material de interceptação colacionado aos autos”, diz o documento de dezembro de 2008, assinado pelo subprocurador-geral da República, Eugênio José Guilherme de Aragão. Na data, a PF ainda estava no início das investigações.

Um ofício do mesmo período encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava conta das primeiras irregularidades alvo de investigação. “Há alguns fatos identificados no decorrer deste período que causam estranheza. Um deles é o uso por parte de Célia Cury e também Ivone de um veículo de propriedade do Tribunal de Justiça de Mato Grosso para fins particulares, conforme comprovado pela diligência efetuada pelos policiais, que incluem fotos daquelas utilizando o veículo, que aparentemente está à disposição do desembargador José Tadeu Cury. Há também diálogo de Ivone com uma factoring de Cuiabá, dando conta de que utilizaria deste meio para dissimular os ganhos obtidos através de sua atividade criminosa”, narra o documento. Com base nessas constatações, a PF pediu autorização para instalação de escuta ambiental em um ou mais pontos de encontro entre os investigados – fator que ampliou as investigações e evidenciou a complexidade dos fatos apurados.

Fotografias anexadas ao processo mostram vários encontros de Célia Cury na residência de Ivone, “muitas vezes para se encontrar com outras pessoas para participarem de reuniões, ao que parece, para tratarem de assuntos relativos aos serviços de influência prestados pela quadrilha investigada”.

Cláudio Emanuel Camargo Júnior, genro de Célia Cury, segundo as investigações, “extrapola suas atividades normais de corretor de imóveis e sócio de imobiliária e passa lançar-se como lobista perante os servidores do TJ juntamente com sua sogra”. Ele também chegou a ser preso na operação Asafe.

Eles atuavam, segundo os autos, com a participação de Jarbas Rodrigues do Nascimento, servidor do TJ lotado no gabinete de José Tadeu Cury. Ele é citado como “peça importante no esquema criminoso, repassando informações privilegiadas e alterando os trâmites normais dos processos para benefício dos clientes da quadrilha”. O ex-assessor de José Tadeu Cury também foi preso pela PF.

Durante o monitoramento à casa de Ivone Siqueira, a Polícia constatou ainda a presença de Fernando Jorge Santos Ojeda, filho do desembargador aposentado Donato Fortunato Ojeda. Ele também se reunia com a advogada Célia Cury, o que levou a autoridade policial concluir que “pelo conteúdo das conversas, participa do esquema criminoso”. Fernando apenas prestou depoimento na PF na deflagração da Asafe.

De dezenas de investigados, foram presos durante a Operação a advogada Célia Cury; os advogados Rodrigo Vieira e Alessandro Jacarandá; o ex-prefeito de Alto Paraguai, Alcenor Alves de Souza; o empresário Cláudio Emanuel Camargo e o ex-chefe de gabinete de José Tadeu Cury, Jarbas Nascimento, além de Santos de Souza Ribeiro e Ivone Reis de Siqueira.

Procurado pela reportagem, o advogado de defesa de Ivone, Murilo Costa Melo, informou que vai se manifestar na próxima semana. A advogada Célia Cury, que estava em viagem, disse que também se manifestaria na semana que vem.






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