A Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) lançou nesta sexta-feira, na feira de moda oficial Fashion Rio, uma estratégia para ampliar o consumo de algodão do Brasil. O projeto "Algodão Caminhos do Brasil" conta com a parceria do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa).

"Temos a intenção de trabalhar muito forte esse tipo de marketing, que é o de incentivar o consumo de algodão", disse o presidente da Abrapa, Haroldo Cunha. Ele adiantou que esse trabalho poderá ser expandido a partir da criação do Instituto Brasileiro de Algodão, que é um fundo que será criado com recursos da retaliação brasileira aos produtores de algodão dos Estados Unidos.

A medida foi autorizada ao Brasil pela OMC (Organização Mundial do Comércio), no ano passado, por causa dos subsídios praticados pelo governo americano aos produtores de algodão locais.

Cunha esclareceu que esse fundo poderá fazer um marketing institucional que promova o consumo de algodão, independentemente da sua origem. "Para nós é importante que haja aumento do consumo do algodão não só no Brasil, mas no mundo inteiro".

Ele informou que o algodão tem perdido espaço para as fibras sintéticas por questões de custo do tecido, facilidade no manuseio ou utilização pela indústria da moda.

"A gente precisa valorizar o algodão, promover a ideia de uma fibra natural, de um tecido confortável, cuja produção é sustentável. É isso que a gente vai tentar trazer cada vez mais para a sociedade". Os Estados Unidos investem cerca de US$ 70 milhões em projetos de valorização do algodão no mercado doméstico.

Desde o ano passado, a Abrapa integra o conselho da instituição suíça BCI (Better Cotton Initiative), que trabalha pela promoção da produção de algodão sustentável em todo o mundo. Este ano, a associação começou a implementar no campo o projeto que visa uma melhoria contínua da produção socioambiental, cujos resultados poderão ser medidos ano a ano.

"O BCI trabalha muito a questão do respeito às relações sociais, as noções de trabalho decente, a proibição total de trabalho indigno, degradante, análogo a escravo e infantil, e também a melhoria dos critérios de produção em relação ao meio ambiente", disse Cunha.

A meta é tentar diminuir o impacto do plantio do algodão em relação ao meio ambiente. Cunha explicou que serão analisados o custo de defensivos, a conservação do solo, uso da água, preservação de habitats e utilização da propriedade de acordo com a legislação ambiental.