Autoridades de um distrito da Província de Aceh (Indonésia) distribuíram cerca de 20 mil saias longas às moradoras e proibiram lojas de vender roupas justas nesta terça-feira, no mesmo dia em que um veto ao uso de trajes sensuais pelas mulheres entra em vigor.

As saias longas foram dadas às mulheres muçulmanas que foram flagradas violando a conduta de vestimenta, em uma campanha que durou dois dois meses e visava garantir a implementação da lei, segundo Ramli Mansur, chefe do distrito no oeste de Aceh.

"A regra se aplica apenas a muçulmanas que moram em Aceh", disse ele à Associated Press. "Nós não forçamos não-muçulmanos a segui-la, mas pedimos que eles nos respeitem".

Segundo ele, a polícia islâmica irá determinar se as roupas das mulheres ferem ou não a legislação.

Durante operações nesta quinta-feira, a polícia islâmica flagrou 18 mulheres que usavam véus islâmicos, mas vestiam calças jeans. Cada uma delas recebeu uma saia longa e teve as calças confiscadas. Elas foram liberadas em seguida, após receberem conselhos de clérigos.

"Não estou usando roupa sexy, mas eles me detiveram como se eu fosse uma terrorista, apenas porque eu usava calças jeans", disse Imma, uma dona de casa de 40 anos. Ela argumentou que usava os jeans para estar mais confortável, já que dirigia uma moto.

Tanto homens quanto mulheres costumam usar motocicletas como meio de transportes no país.

Segundo Mansur, lojistas que forem pegos vendendo saias curtas ou calças jeans podem perder o alvará de funcionamento.

Repressão

A lei é o mais recente esforço para promover valores morais rígidos na Indonésia, o mais populoso dos países islâmicos, onde os fieis muçulmanos chegam a quase 200 milhões.

A lei não prevê punição para os violadores, mas diz que "sanções morais" serão impostas por líderes locais.

Segundo Mansur, mulheres pegas violando a proibição mais de três vezes podem ser detidas por duas semanas.

Para grupos de defesa dos direitos civis, a lei fere os tratados internacionais e a Constituição indonésia.

A lei islâmica não é imposta em todas as regiões do país. No entanto, a proibição ao consumo de álcool, ao jogo e aos beijos em público, entre outras práticas, vem sendo imposta por governos locais conservadores nos últimos anos.