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Quinta - 27 de Maio de 2010 às 15:22
Por: Alline Marques

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As investigações iniciais que desencadearam na Operação Asafe, de combate a esquema de venda de sentenças no Poder Judiciário de Mato Grosso, apontam para o envolvimento de pelo menos sete magistrados, além de servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Há indícios também de que parentes dos desembargadores e juízes faziam as intermediações com os advogados.

O juiz Carlos Alberto Alves da Rocha seria o principal articulador tendo Ivone Reis como “porta voz” nos esquemas envolvendo o advogado Max Weytzer, que está no centro da investigação, iniciada em 2006, pela Polícia Federal de Goiás. Na época, os agentes apuravam o tráfico de drogas nas cidades de Mineiro e Jataí, quando detectaram um esquema de venda de sentença em Mato Grosso.

Conforme inquérito encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a partir do momento que a investigação passou a acompanhar o advogado Max Weytzer, em abril de 2006, observou-se indícios de que um sério esquema de interferências processuais ilícitas estaria ocorrendo nos corredores do TJMT.

Em seguida, percebeu-se que Ivone Reis seria “comparsa” de Max, demonstrando ter um bom conhecimento e trânsito naquele tribunal, com acesso direto a alguns magistrados. Além disso, ela tinha acesso direto ao juiz Carlos Alberto.

Em interceptação telefônica, Ivone liga para Max para comentar sobre o resultado de um encontro com o magistrado. O que se percebe então é que o juiz intercede por Ivone junto ao desembargador Ernani Vieira de Souza a respeito de um processo em que também aparece o nome de um advogado identificado como Davi.

Além de Carlos Alberto, também surgem os nomes dos magistrados Cirio Miotto, Antônio Horácio da Silva Neto, Walter Pereira de Souza, Evandro Stábile, Donato Fortunato Ojeda e Ernani Vieira de Souza.

Além disso, uma mulher identificada como Milena Nazaré, que seria a namorada do desembargador Ernani Vieira, parece agir como intermediadora no processo. Pelas conversas, há indícios de que o magistrado iria se aposentar e queria “ganhar algum dinheiro antes”. Max Weytzer mantém diálogo com Enilda, responsável por interceder junto a Milena.

Neste mesmo processo, Max ainda tenta articular a compra de sentença junto com os desembargadores Antônio Horácio, relator da ação, e Evandro Stábile, primeiro vogal da Terceira Câmara Cível do TJMT.

Em outro momento da investigação, Walter Pereira é citado em conversas do advogado, porém alega-se que o magistrado não teria acatado o pedido, porém deixou uma ‘brecha’ para que a defesa entrasse com um agravo.

Com relação a Cirio Miotto, a Polícia Federal constatou-se um possível envolvimento da esposa Rosa Maria Zanchet Miotto. Na ação, o magistrado é o relator do processo e apesar de votar favorável ao habeas corpus do cliente de Max Weytzer, os demais juízes da Terceira Câmara Criminal negam o pedido.

Max e Ivone conversam também sobre uma viagem que o desembargador Antônio Horácio irá fazer e comemoram o fato de Donato Fortunato Ojeda ser o plantonista. O advogado chama atenção da “comparsa” e pede para ela não fazer determinados comentários por telefone.

Weytzer também mantém diálogo com um advogado identificado como David Celson Ferreira de Lima, que está intermediando as compras de sentença no TJMT e mais uma vez o nome do juiz Carlos Alberto Alves da Rocha aparece nas conversas.

Em interceptação telefônica, David segue intercedendo em uma decisão sobre a liberação de uma grande soma de dinheiro para dois clientes de Max – Antônio Andrade e Luis Antônio Giroldo.

David informa a Max que o magistrado está exigindo um cheque de garantia para emitir a decisão e propõe que ambos deem a metade do valor acertado já no recebimento da decisão e a outra metade quando da liberação do dinheiro.

Operação Asafe

Apesar dos sete magistrados citados no inquérito, na deflagração da Operação Asafe também foi constatado o envolvimento do desembargador aposentado José Tadeu Cury. A esposa dele, Célia Cury, teve a prisão temporária decretada e foi cumprido mandado de busca e apreensão em sua residência.

Também foi cumprido mandado de busca e apreensão na residência do desembargador José Luis de Carvalho. Sendo assim, é possível que outros magistrados estejam envolvidos.






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