Grampo mostra venda de sentença na Justiça
Interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal na operação Asafe apontam para venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ/MT). A partir de um diálogo travado entre o advogado Max Weyze Mendonça e a autônoma Ivone Siqueira, a PF afirma que eles falam de um suposto pagamento para obter uma decisão favorável do juiz-auxiliar da presidência, Círio Miotto. A Justiça Eleitoral também é investigada.
Nos diálogos que fazem parte dos inquéritos da operação Asafe e que A Gazeta teve acesso, Max e Ivone discutem o pagamento que teria garantido uma decisão favorável do juiz Círio Miotto na 3ª Câmara Criminal do TJ. Presos e liberados na semana passada, eles ainda discutem se, após o pagamento, o magistrado teria sinalizado em conceder somente uma decisão liminar em um habeas corpus impetrado a favor de um cliente ligado à dupla acusado de assassinar o próprio irmão.
Como tinha conseguido somente a liminar, a PF diz que Max cita no diálogo que exigirá de volta o dinheiro pago. Ivone discute com o interlocutor alegando que a promessa de decisão favorável se referia apenas à liminar e não ao mérito da ação. Não é citado nenhum valor, mas ambos alegam que o juiz teria sinalizado na condição de relator que os dois membros da 3ª Câmara também votariam a favor da defesa no julgamento de mérito, o que não ocorreu.
Em outro diálogo, Max conversa com uma pessoa identificada como Enilda, com quem fala de relações suspeitas com desembargadores. Nesse caso não é citado valor, assim como na conversa que o advogado teve com Ivone, apontada como uma das lobistas do esquema desbaratado pela PF a partir da investigação que vem correndo em sigilo no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A operação foi deflagrada no último dia 18, quando agentes da PF vasculharam residências de magistrados e escritórios de advocacia em Mato Grosso. A determinação partiu da ministra Nancy Adrihgi. Ela começou a investigar o caso depois de ser alertada pela PF. Desembargadores como Evandro Stábile tiveram a casa vasculhada, assim como os magistrados aposentados Donato Fortunato Ojeda e José Tadeu Cury.
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