Riva questiona critérios da Justiça na Jurupari e defende Janete
O presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PP), usou a tribuna da Casa para questionar os critérios da Justiça ao decretar as prisões de sua esposa e coordenadora da Sala da Mulher, Janete Riva e de seu genro, na operação Jurupari, desencadeada na sexta-feira (21). O deputado apresentou argumentos que evidenciariam que a fazenda indicada no inquérito da Polícia Federal como foco de ilegalidades ambientais, é na verdade, um modelo da aplicação das leis do país. E desafiou autoridades e a imprensa a visitarem a área e comprovarem.
Abaixo, o manifestação do deputado.
“Sou de carne e osso, sou humano e não posso deixar de falar. Até por que a sociedade me cobra e com toda a razão, porque sou representante da sociedade, sou um homem público. Todos conhecem a operação Jurupari, que emitiu 91 mandados de prisão na sexta-feira e destes, um foi para a minha mulher, outro para o meu genro e outro para um servidor da Casa. Não vou fazer defesa de todos, porque não conheço o mérito da decisão, mas, em especial gostaria de falar de uma pessoa, a Janete.
Hoje faz 27 anos que meu primeiro filho nasceu e é um dia muito difícil para todos nós. Não temos o direito de ser fraco, até porque já tenho uma neta e estou com meus filhos todos em minha casa. E confesso que num primeiro momento, vi com muita preocupação esta ação. Primeiro, que as vezes cometemos alguns exageros, como por exemplo, ao falar de decisões judiciais, pois elas são para serem cumpridas. Mas, num país democrático, temos o direito de nos defender e falar. E num primeiro momento, o que eu fiz foi um desafio que muita gente não entendeu. Fiz um desafio não ao juiz, não é ao procurador, mas para as autoridades.
E fiz este desafio porque a Polícia Federal não pediu a prisão de Janete, quem o fez foi o juiz. E faço também porque nos 10 mil hectares da fazenda de minha esposa, 3,8 mil são de pastagem, nos quais conseguimos fazer um sistema revolucionário, que é a verdadeira forma de reduzir o desmatamento. Em um hectare de pasto, nós colocamos o que antes usaria quatro na pecuária extensiva. Não acredito que vamos acabar com o desmatamento por decreto, mas sim, por meio de programas, de políticas públicas.
Na fazenda Paineiras nós tomamos a decisão de recuperar todas as áreas degradadas e são 32 mil hectares recuperados. Por gravidade, colocamos água em todos os pastos, o manejo foi criteriosamente executado. E diante das informações da operação, fiz um convite à Globo para visitar a fazenda e mostrar o que recuperamos e como trabalhamos. Convidei a própria Polícia Federal para que fosse lá, pois como se pode calcular um prejuízo ambiental, se não foram lá, se nem se quer verificaram a madeira extraída?
De cada árvore cortada em nossa fazenda, determinei que quatro fossem plantadas, é de minha autoria este projeto. Lá fazemos o manejo da extração da madeira, certificamos e pagamos todos os impostos. Por este motivo, digo que a ação é política.
Eu duvido que tenha qualquer gravação da Janete, qualquer visita dela à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) solicitando alguma coisa, algum benefício. Acredito que está foi a forma que acharam de me atingir. Sem dúvida, a dor é muito maior do que se fosse a minha prisão. Dói no fundo da alma ver uma pessoa inocente ser presa. Um dia eu falei para um cidadão de um site, olha, torça para isto não acontecer na sua vida, pois é fácil aplaudir a desgraça dos outros, incriminar inocentes, mas é difícil passar pelo que estamos passando.
Acredito que entre estes presos deve ter alguém que fez algo de errado. Mas, quero perguntar aqui à toda a sociedade mato-grossense, que risco representaria estas pessoas soltas? Na nossa casa, a Polícia chegou às 5h45, aliás, nunca vi uma equipe de policiais mais educados. Não ficou um único canto de minha casa sem ser vasculhado. Em nenhum momento eles se excederam. Mas, os excessos, são provocados por um juiz que não sabe o prejuízo que causa em nosso estado. Pois, quem vai querer investir em Mato Grosso, se aqui não é respeitado o direito de resposta, a democracia?
Eu duvido que alguém que visite a fazenda Paineiras e veja ela como foco de uma operação da PF ainda acredite que possa investir em Mato Grosso. É muito investimento para fazer o que fazemos ali e para manter. Só o Banco do Brasil sabe o número de vezes que recorremos a eles, só da última vez, foram R$ 800 mil. Na investigação, colocam que a fazenda está próxima de reservas indígenas, mas, só na frente colocam a distância, são mais de 70 quilômetros de distância das reservas.
Até quando vamos ter que viver nesta enganação e neste faz de contas? Dizem que o prejuízo ambiental são de milhões e que os presos tem patrimônio de R$ 165 bilhões. Tem uma servidora da Sema que não tinha uma televisão e colocaram que ela tem patrimônio de milhões.
A Janete em especial, eu defendo, porque não conheço uma das ações da Janete que não seja para auxiliar alguém, que não seja para defender. Ela teve uma brilhante atuação na campanha contra a pedofilia no Estado e se não fosse pela força de vontade dela, este programa não teria a repercussão que tem. E é por isso que acredito que as ações devem ser ponderadas, os pedidos de prisão devem ser fundamentados”, declarou Riva.
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