Tragédia da PM não é a primeira em MT
Essa não é a primeira vez que um treinamento da Polícia Militar termina em tragédia no Estado. Em 1998, dois cadetes morreram afogados no córrego Caramujo, localizado a 30 quilômetros de Cáceres, após 20 horas ininterruptas de exercícios físicos. Sérgio Hirokasu Kobayashi e Evaldo Bezerra de Queiroz se afogaram no dia 5 de abril daquele ano.
Na ocasião, o treinamento foi comandado pelo então capitão da Polícia Militar Clarindo Alves de Castro. Ele foi o responsável pela realização do exercício que vitimou Kobayashi, aos 26 anos, e Queiroz, aos 29. A instrução para nadar no córrego foi autorizada pelo então coronel Celso Benedito Pinheiro. Os cadetes estavam no terceiro e último ano do Curso de Formação de Oficiais (CFO) da PM, num total de 35 participantes.
No primeiro julgamento pela morte dos cadetes, o coronel reformado Celso Benedito Pinheiro foi absolvido e o capitão Castro, condenado a três anos de liberdade vigiada. O Ministério Público Estadual recorreu da decisão e pediu que as penas fossem revistas. No segundo julgamento, o Tribunal de Justiça manteve a absolvição de Pinheiro e reverteu a pena de Castro para um ano de trabalho comunitário. A pena foi considerada branda pela família Kobayashi, que entrou com recurso no Superior Tribunal de Justiça.
No entanto, doze anos depois, a situação continua a mesma. A família perdeu a ação, que já transitou em julgado, e ainda não recebeu nenhum centavo dos R$ 300 mil de indenização que deveriam ser pagos pelo Estado. “Eu acho que não vão pagar, ainda mais depois de tanto tempo. Virou precatório”, lamentou o pai de Sérgio, Yoshimi Kobayashi.
O então capitão Castro, durante o período entre o fato até os dias de hoje, foi promovido a tenente coronel e está lotado na Diretoria da Agência Central de Inteligência (Daci) da Polícia Militar. Enquanto isso, o coronel Celso Benedito Pinheiro, absolvido do crime, está aposentado.
O CASO – O grupo de cadetes do qual Sérgio Kobayashi e Evaldo Queiroz pertenciam saiu da Academia da Polícia Militar (APM), em Várzea Grande, às 3
horas do dia 4 de abril de 1998. Quando chegaram a Cáceres, às 8h, participaram da aula prática da disciplina Técnica Geral de Policiamento, que consistia em uma simulação de combate ao crime em regiões de fronteira. O exercício foi comandado pelo então capitão Castro e deveria ter terminado às 18h, mas se estendeu até a madrugada do dia seguinte.
Os alunos tiveram que participar por quase 20 horas do treinamento, que só terminou com o exercício de mergulho no córrego. Os participantes nadaram vestindo casaco militar de mangas longas e coturnos. Durante o exercício, o cadete Queiroz começou a passar mal e foi socorrido pelos colegas, mas não resistiu e morreu. O treinamento foi interrompido e os cadetes voltaram para o Batalhão em Cáceres. Só depois que chegaram ao local que perceberam que Kobayashi não estava com o grupo. Ele também havia morrido durante o exercício.
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