Denúncias são muitas e político que denunciou superfaturamento de estádio acabou morto[br]em crime suspeito
Estudo mostra corrupção em obras
Escrito por jornalistas sul-africanos e pesquisadores e financiado por governos europeus, o estudo mostra como o orçamento passou de US$ 300 milhões (R$ 558 milhões) para US$ 2,1 bilhões (R$ 4,7 bilhões) entre 2004 e 2010.A corrupção em Mundiais não é exclusividade africana. Na Alemanha em 2006, a construção do Estádio de Munique terminou em prisão para dois dos responsáveis pela obra.
Na África do Sul, o caso mais emblemático de suspeita foi a construção do Estádio Mbombela, em Nelspruit, por 100 milhões (R$ 228 milhões). O presidente da assembleia local, Jimmy Mohlala, denunciou a corrupção por uma empresa sul-africana e outra francesa. Em fevereiro de 2009, as denúncias foram confirmadas e os responsáveis pela licitação demitidos. Em fevereiro deste ano, Mohlala foi morto em crime ainda sob investigação.
Até hoje, esse foi o único caso comprovado e punido de corrupção no Mundial de 2010. Mas uma série de suspeitas paira no ar. Uma das principais preocupações da Justiça, segundo a ISS, tem sido o conflito de interesses entre autoridades locais e empresas, em esquemas de clientelismo. Segundo o estudo, o Tribunal de Contas da África do Sul identificou 1,6 mil administradores públicos que ocuparam cargos executivos em empresas. Cinquenta mil funcionários públicos também aparecem em empresas privadas.
O problema é que 60 milhões (R$ 137 milhões) em contratos para a Copa foram distribuídos pelas autoridades desde 2006. Segundo informe oficial do Tribunal de Contas, muitos desses contratos acabaram nas mãos de familiares dos 50 mil funcionários em empresas privadas.
Um caso seria a construção do Estádio de Durban, por 300 milhões (R$ 684 milhões). "Ainda que não haja prova de corrupção, a construção do favoreceu algumas empresas", afirmou o ISS. O estudo mostra como o comitê de inspeção da Fifa concluiu que a Cidade do Cabo não precisaria construir um novo estádio.
Outra revelação mostra como o governo ainda investiga o fato de que empresas de cimento e metal formaram um cartel e elevaram 20% os valores antes do início da construção. Também chama a atenção o contrato entre a prefeitura de Johanesburgo e a pequena empresa National Stadium SA (NSSA), criada em 2007. A companhia ganhou a licitação para controlar o principal estádio da Copa por dez anos. Com o contrato, a cidade perde toda a renda por uma década, que seria suficiente para pagar os custos do Soccer City.
Entre os critérios para obter contratos para a Copa, empresas teriam de demonstrar que negros fazem parte do comando. Segundo a ISS, poucos meses antes da licitação, a Global Event Management, que tem 50% das ações da NSSA, vendeu 26% das ações para o ex-segurança da empresa, Gladwin Khangale, que é negro.
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