O brasileiro se declara como alguém que valoriza o bem estar dos próximos e da humanidade e alguém que preza pela estabilidade social --entendida como contraponto à violência e à instabilidade econômica.

Esses valores, porém, apresentam variações a depender do sexo, da faixa etária e da região do país. Homens e jovens tendem a prezar menos pelo bem estar alheio e a serem menos conservadores (onde se encaixa a estabilidade social) que mulheres e pessoas mais velhas.

No Nordeste e no Centro-Oeste as pessoas também apresentam a tendência de serem mais conservadoras e menos abertas a mudanças.

Esses são os resultados do Perfil dos Valores dos Brasileiros, pesquisa do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em parceria com Instituto Paulo Montenegro/IBOPE, Universidade Mackenzie e Programa de Voluntários das Nações Unidas. O estudo ouviu 4.017 pessoas em 300 municípios, no final do ano passado.

Para Flávio Comim, coordenador do relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro, uma das surpresas é o prazer não estar entre os valores mais declarados pelos brasileiros --é o sexto de uma lista de dez. "O Brasil sempre foi visto como o país do jeitinho, do malandro, Macunaíma. Algo está diferente, até fruto do desenvolvimento humano", disse ele.

A pesquisa traz outros dados. Para os brasileiros, a família influencia em 77,3% no desempenho escolar --relegando a escola a um papel de menor importância declarada. A impressão do brasileiro também é a de que a violência está aumentando, afirmação feita por 90% dos entrevistados.