Procedimento para corrigir alta miopia não altera a anatomia ocular, evita o olho seco e reduz complicações pós-cirúrgicas.
Implante põe fim nos óculos ‘fundo de garrafa’
A ANVISA (Agência Brasileira de Vigilância Sanitária) acaba de aprovar uma nova tecnologia para corrigir a alta miopia. O problema, caracterizado pela dificuldade de enxergar de longe acima de 6 dioptrias ou graus, atinge entre 1,9 e 5,7 milhões de brasileiros segundo levantamento do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). A nova tecnologia é uma lente intra-ocular produzida pela Alcon com material biocompatível e totalmente maleável que corrige de 6 a 16 graus de miopia. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, pode significar a retomada da qualidade de vida para boa parte da população. Isso porque, mesmo usando óculos a restrição de campo visual faz com que muitos dos altos míopes não atinjam uma correção visual satisfatória. Por isso, têm dificuldade para realizar atividades corriqueiras como dirigir ou enxergar o quadro-negro nas salas de aula.
Cirurgia é pouco invasiva
O especialista diz que o procedimento é ambulatorial e feito com anestesia local. A lente é implantada sobre a íris, parte colorida do olho, através de uma pequena incisão feita na periferia da córnea, sem a retirada do cristalino. Como não altera a estrutura da córnea com aplicação de laser, ressalta, evita o olho seco e tem resultado mais previsível que a cirurgia refrativa convencional.
As chances de complicações pós-operatórias também são reduzidas. Queiroz Neto conta que antes as lentes intra-oculares para corrigir alta miopia eram inseridas na câmara posterior, entre a íris e o cristalino. “Exigiam maior habilidade do cirurgião porque era necessário fazer uma iridotomia, incisão na íris, para garantir o aporte de nutrientes ao sistema ocular, e para evitar a formação de depósitos que aumentam o risco de opacificação do cristalino” afirma.
Este risco foi eliminado porque a nova lente é implantada na câmara anterior, entre a córnea e a íris. Isso impede qualquer contato com o cristalino que facilitaria o aparecimento de catarata, explica.
Outro risco que foi reduzido pela nova tecnologia é o de aumento da pressão intra-ocular que pode levar ao glaucoma. Isso porque, o implante na câmara anterior interfere menos no bom fluxo do humor aquoso que é essencial para manter a pressão intra-ocular em níveis normais.
Quem pode fazer o implante
Como tudo na Medicina, só a gravidade da miopia não é suficiente para passar pela cirurgia. Quem tem grau instável pode desistir. Embora a lente possa ser retirada a qualquer momento só é indicada para maiores de 21 anos e com um ano de estabilidade de grau. Outras contraindicações são os casos de miopia combinada ao glaucoma ou doenças na retina. “Para estas pessoas o implante pode induzir ao agravamento das doenças associadas” afirma Queiroz Neto. Quem tem pupilas grandes também pode esquecer. “A cirurgia pode disparar a fotofobia, além de dificultar a direção noturna”, afirma. A recomendação para quem passa pelo procedimento é fazer consultas anuais porque os olhos passam por transformações no decorrer da vida que precisam de acompanhamento médico.
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