Relatório da Polícia Federal acusa Afrânio Cesar Migliari, que está preso, por diversas irregularidades, como direcionar clientes para empresa
PF diz que ex-adjunto da Sema era figura central no esquema
O ex-secretário adjunto de Mudanças Climáticas e também de Gestão Florestal da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Afrânio Cesar Migliari, aparece com um elemento de destaque na organização criminosa desarticulada anteontem pela Polícia Federal durante a operação Jurupari.
Sua prisão preventiva foi decretada junto com a de outras 90 pessoas acusadas de participação em um esquema de fraudes em projetos de manejo e outros crimes ambientais na região amazônica mato-grossense. Os mandados foram expedidos pelo juiz Julier Sebastião da Silva, titular da 1ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso.
O ex-secretário adjunto da Sema é responsável, segundo relatórios de perícia da Polícia Federal, por prejuízos ao meio ambiente que totalizam mais de R$ 483 milhões.
Procedimentos administrativos e escutas telefônicas investigados pela polícia mostram que Afrânio Migliari atuava na Sema contando com um número expressivo de servidores do Executivo e do Legislativo Estadual e Federal.
Ele fazia a ponte entre técnicos, servidores e deputados, conforme as escutas. Bem relacionado, ele foi flagrado em escutas com nomes importantes da política mato-grossense, como o presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PP), o líder do governo na AL, deputado Mauro Savi (PR), e o deputado federal Eliene Lima (PP).
O ex-secretário e seus “comparsas” teriam se beneficiado de 38 dos 68 empreendimentos rurais investigados pela operação. A esmagadora maioria dessas propriedades se encontra no entorno ou interior de áreas protegidas federais.
Licenças ambientais emitidas entre os anos de 2006 e 2008 com “graves irregularidades”, muitas assinadas pelo investigado na condição de secretário Adjunto da Sema, teriam levado a Polícia Federal a aprofundar na investigação.
Conforme a PF, ele possuía estreito relacionamento com integrantes do setor madeireiro e atendeu, em diversas situações, “aos interesses espúrios dessas pessoas agilizando processos e resolvendo pendências”.
Afrânio cuidava pessoalmente da movimentação de alguns processos em tramitação na Sema e recebia constantemente ligações de integrantes do Sindicato de Madeireiros de Sinop para tratar de assuntos relativos aos mesmos processos.
No decorrer das investigações, a PF descobriu que ele é proprietário de uma empresa que comercializava madeira proveniente de planos de manejo que acompanhava e aprovava dentro da Sema, “em sua grande maioria com graves irregularidades”. “Descobriu-se também que Afrânio utilizava-se do seu cargo para conseguir clientes para a empresa Mapear Imagens e Projetos Ambientais Ltda, em nome de Gabriel Mancilla, ex-coordenador de geoprocessamento da Sema, e Amauri Lopes de Carvalho, cunhado e vizinho de Afrânio”, consta no inquérito. Ele foi flagrado várias vezes pelos policiais entrando no prédio onde funciona a empresa. Fatos comprovados nos autos com fotos.
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