Em gravação, assessores de Silval tentam acelerar processos
O relatório da Polícia Federal detalha a atuação de engenheiros florestais e assessores do governador Silval Barbosa (PMDB), que eram os responsáveis por dar maior “celeridade” aos vários licenciamentos ambientais e aprovação de manejos florestais. Num trecho do relatório da PF são citados o chefe de gabinete de Silval, Silvio Corrêa, além dos assessores Marizette Caovilla e Ademir Ribeiro de Souza, o Dema. Os três acompanham Silval desde que ele era deputado e presidiu a Assembleia. No caso envolvendo a fazenda Tratex, por exemplo, Ademir Ribeiro de Souza sugere a troca do mapa do processo para assegurar o empreendimento. Relata ter “meios” dentro da Sema para realizar o esquema, mas alerta para a existência de custos.
Neste caso não é citado o preço do suposto “favor”, mas num lobby que teria sido realizado para beneficiar a fazenda Bandeirantes, diálogos revelam indícios de pedido de propina. Na anáilise, a PF destaca, que os assessores atuaram, inclusive, na ilegalidade para obter documentos junto ao Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), que é necessário para a realização do manejo florestal para a propriedade rural em questão.
Teriam conseguido a emissão de certidões de áreas devolutas do Estado, limítrofes a terras indígenas, em nome de laranjas junto ao Intermat. “Favorecendo o requerimento de licenciamento ambiental e/ou plano de manejo florestal e manuseio destes para “esquentar” madeira proveniente das reservas silvícolas”, diz trecho do relatório. Na análise do processo da fazenda, os agentes federais se depararam com diálogos comprometedores. Segundo o relatório, os três assessores de Silval intercederam para que documentos fossem liberados. Nos diálogos são citados supostos pedidos de propina de R$ 5 mil.
O interessado em conseguir os documentos, de prenome Edinei, conversa com Palmira, que trabalha para a empresa, e faz referência ao caso investigado. Em determinado momento, Edinei diz que precisa de R$ 5 mil. “Edinei: eu preciso que você saque cinco da M. E. tá?", "Palmira: cinco? Você tá onde?", "Edinei: tô aqui em Bandeirante", "Palmira: o que você vai fazer com esses cinco?", "Edinei: vim pagar o negócio. A hora que ele chegar aí. Já vim pagar o negócio, a hora que ele chegar ai", "Palmira: ah tá. Você quer que eu já fique com ele aqui? É isso”, diz trecho da escuta tefefônica, grampeada pela Justiça.
Num outro momento, Ednei fala com Edmilson e cita o servidor da Sema Carlos Vitor, preso pela PF nesta sexta (21). “Edmilson: então a compra tá efetuada é só ele chegar com uma hora antes no aeroporto tá!", "Edinei: tá beleza então, é o Carlos Vitor né?”. Os relatos estão num documento de 100 páginas em que a PF solicitou a prisão de 91 pessoas e a realização de 91 mandados de busca e apreensão. Além disso, foram quebrados os sigilos fiscal e bancário dos servidores, que movimentariam rendimentos incompatíveis às funções.
Diálogo revela que três assessores de Silval Barbosa tentavam obter vantagens e agiam como "lobistas"
Comentários