Superintendente da Polícia Federal, Valmir Lemos, e delegado Franco Perazzoli explicam como eram realizados os crimes ambientais e afirmam que os prejuízos já chegam a mais de R$ 900 milhões
Delegado quebra sigilo de envolvidos e prejuízo já ultrapassa R$ 900 mi
A Polícia Federal já quebrou o sigilo bancário e fiscal de 12 servidores da Sema, Assembleia Legislativa e do Executivo estadual. Segundo o delegado federal responsável pelas investigações, Franco Perazzoni, em todas as contas foram detectados movimentos incompatíveis aos rendimentos oficiais deles. Entre os agentes do governo presos e que tiveram suas contas bancárias analisadas está o ex-secretário de Meio Ambiente Luíz Henrique Daldegan e o chefe de gabinete do governador Silval Barbosa, Silvio Corrêa, além do assessor direto do presidente da Assembleia Legislativa José Riva, Adilson Figueiredo. Todos tiveram a prisão preventiva decretada nesta sexta (20), durante a Operação Jurupari. As investigações tiveram início há dois anos. Desta vez, segundo a PF, o "modus operandi" foi diferenciado para se identificar os servidores e empresários envolvidos.
Numa ação entre peritos técnicos e inteligência, os agentes federais analisaram 68 laudos de propriedades rurais que apresentaram as mais diversas irregularidades, além de escutas telefônicas, análises de créditos irregulares, dentre outras provas documentais que revelaram um mega esquema envolvendo pelo menos 90 pessoas.“Num caso específico identificamos, por exemplo, que um servidor recebeu R$ 5 mil para a aprovação de uma vistoria.”, revelou o delegado federal.
Ele ressaltou que antigamente eram detectados irregularidades em muitos empreendimentos, mas que era difícil chegar aos reais autores, principalmente os servidores que facilitavam a realização das fraudes ao sistema de crédito. A maioria era fictícia e, às vezes, eram inseridos até créditos de árvores que nem existiam na região. “Conseguíamos apurar os crimes, mas as pessoas envolvidas não eram responsabilizadas. Ficávamos dependendo do resultado das buscas e perícias. Desta vez não, já temos provas suficientes para abertura de processo contra os envolvidos”, ressaltou o delegado.
Um dos crimes mais graves que foram flagrados durante as investigações da PF é o manejo de madeira dentro de terras indígenas ou nas proximidades. A madeira geralmente era levada para São Paulo, saindo de Mato Grosso ao preço de R$ 100 o metro cúbico e sendo comercializado a R$ 1,4 mil. As reservas indígenas Parque do Xingu, Caiabis (em Apiacás), no Cinto Largo , Batelão e Parque Nacional Juruena foram as mais prejudicadas com o esquema de desmate ilegal. “Apesar do desmate em áreas indígenas ter diminuído nos últimos anos, identificamos a derrubada de árvores dentro das reservas ou no entorno”, pontuou. O rombo causado pela quadrilha, por enquanto, é de quase R$ 900 milhões. Até agora pelo menos 60 pessoas já foram presas.
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