José de Campos, militar aposentado, é acusado de ajudar traficantes a manter devedores em cárcere privado para que famílias paguem resgate
PM é suspeito de ligação com traficantes

A polícia investiga a participação do policial militar aposentado José Benedito de Campos, de 43 anos, num esquema de cárcere privado praticado por traficantes do Tijucal. Eles deixando alguns viciados em drogas “presos” quando possuem dívida de entorpecente. O usuário só é liberado com o pagamento do resgate estipulado.

O militar é acusado de agir em companhia do vendedor Marcos Divino de Oliveira Lima, o “Poré”, de 22, que é um dos mentores do esquema. O PM está preso por porte ilegal de aram, porque, anteontem à tarde, os policiais apreenderam com ele uma pistola e um revólver. Os dois acusados respondem pelo crime de extorsão.

As investigações de policiais da Delegacia do Complexo do Coxipó iniciaram no dia 22 de abril, quando um homem de 33 anos desapareceu com seu automóvel, um Golf vermelho. Ele, na verdade, foi mantido em cárcere privado por dois dias até que os familiares pagassem a conta de pasta-base de cocaína, que estava em R$ 2 mil. Os familiares, então se mobilizaram para o pagamento do resgate.

Segundo os policiais, a cobrança era feita por Marcos Divino, que intermediava o esquema e ameaçava familiares dizendo que o rapaz seria morto caso a dívida não fosse saldada. “Depois, as cobranças passaram a ser feitas pelo militar”, explicou um policial que participa das investigações.

O rapaz foi encontrado pela família logo após o pagamento, mas o carro desapareceu. O valor inicial abaixou para R$ 1 mil. Com medo, a família se mudou para outra cidade, mas, depois procurou a polícia para comunicar o fato. Os familiares do rapaz disseram que o militar se ofereceu para intermediar o acordo, mas suspeitam de que ele faça parte do esquema chefiado por Marcos Divino.

O PM, que estava ajudando na libertação do rapaz, disse que foi até a boca-de-fumo onde a vítima estaria em cárcere privado para buscar os documentos, incluindo os do Golf. “Na hora em que cheguei lá, fui rendido e me roubaram o automóvel. Foram dois homens armados que me renderam”, explicou o militar na Central de Flagrantes e Ocorrências, no Centro.

Segundo policiais do Coxipó, essa não seria a primeira vez que o esquema foi utilizado. Em alguns casos, tanto a vítima como familiares pagam o resgate, mas não procuram a polícia.

Autuado por porte ilegal de arma, o PM foi encaminhado para o Cadeião de Santo Antonio de Leverger, onde funciona um presídio militar. Marcos Divino, por sua vez, foi liberado, uma vez que não houve flagrante da extorsão.