Em depoimento, Castrillo afirma que venda de sentenças é "folclore"
"Existe quem ganha a ação e quem perde. Quem ganha diz: eu sou bom. E quando perde, diz: o juiz se vendeu"
André Castrillo, um dos advogados ouvidos pela Polícia Federal durante a Operação Asafe e que, junto com seu genro Eduardo Gomes, defendia Diane Vieira (PR), segunda colocada na disputa pela Prefeitura de Alto Paraguai, afirmou em seu depoimento à PF que não houve compra de sentença no caso e atribuiu as denúncias a advogados "perdedores". Diane assumiu o cargo logo após a cassação do prefeito Adair José Alves e permaneceu no cargo entre julho e setembro de 2009. “Compra e venda de sentença virou folclore em Mato Grosso. Isso não existe. Existe quem ganha a ação e quem perde. Quem ganha diz: eu sou bom. E quando perde, diz: o juiz se vendeu. Essa frase é leviana, mas advogado não é capaz de admitir que perdeu”.
Para justificar a vitória de Diane, Castrillo lembrou que há jurisprudência no sentido de que o segundo colocado deve assumir o cargo quando o eleito deixa de prestar contas. Ele e o genro saíram do caso antes da decisão de segunda instância, que reverteu o posicionamento, "por falta de pagamento de honorários".
A operação aconteceu após denúncias “de que advogados e terceiros estariam manipulando decisões no âmbito da Justiça Eleitoral de Mato Grosso". As investigações apontaram “o possível envolvimento de juízes e desembargadores do TJ e membros atuais e antigos do TRE-MT” em venda de sentenças. Segundo o MPF, são eles o juiz Círio Miotto e os desembargadores Evandro Stábile, José Luiz Carvalho e Donato Fortunato Ojeda, que já se aposentou.
Assim como Castrillo, a advogada Célia Cury, esposa do desembargador aposentado compulsoriamente pelo Conselho Nacional de Justiça Tadeu Cury, negou durante depoimento que tenha intermediado qualquer venda de sentenças no Estado. Segundo ela, seu envolvimento com Ojeda e Carvalho se resume a encontros ocasionais em eventos sociais, sem maiores laços de amizade ou profissionais. Célia é uma das 9 pessoas presas pela PF nesta terça (18). Apenas Ivone Siqueira, que supostamente agia como lobista, já conseguiu deixar a prisão. Ela foi liberada pela ministra do Superior Tribunal de Justiça, Nancy Andrighi, que determinou, também, a quebra de sigilo bancário e fiscal do presidente do TRE, desembargador Evandro Stábile, e da ex-juiza eleitoral Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar. Da sociedade Castrillo Advogados houve quebra de sigilo bancário. Nos escritórios dos advogados André Castrillo, Eduardo Gomes e Renato Viana, que apenas prestaram depoimentos à PF, foram cumpridos mandados de busca e apreensão.
Permanecem presos Rodrigo Vieira, genro de Célia e Tadeu Cury, Alcenor Alves de Souza, ex-prefeito de Alto Paraguai, Alessandro Jacarandá, ex-sócio de Célia Cury, o ex-chefe de gabinete de José Tadeu Cury, Jarbas Nascimento, o empresário e estudante de Direito Cláudio Camargo, genro de Célia Cury e Tadeu Cury e os advogados Santos de Souza Ribeiro e Weize Mendonça.
Confira os nomes dos presos pela PF:
* Célia Cury, mulher do desembargador aposentado compulsoriamente pelo CNJ, José Tadeu Cury, e advogada;
* Rodrigo Vieira, advogado e genro de Célia e Tadeu Cury;
* Alcenor Alves de Souza, advogado e ex-prefeito de Alto Paraguai;
* Alessandro Jacarandá, adogado e ex-sócio de Célia Cury;
*Jarbas Nascimento, ex-chefe de gabinete de José Tadeu Cury;
* Cláudio Camargo, empresário, estudante de Direito e genro de Célia Cury e Tadeu Cury;
* Santos de Souza Ribeiro, advogado;
* Ivone Reis Siqueira, mulher de um servidor aposentado do TJ;
* Max Weize Mendonça, advogado;
* Também foram apreendidos documentos com a ex-servidora do TJ, Rosana Ramires, ex-assessora do gabinete de José Tadeu Cury
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