Em alguns municípios, o estado já registrou em abril a maior estiagem dos últimos dez anos, conforme dados da Somar Meteorologia
Falta de chuva compromete produtividade do milho em MT
Mato Grosso poderá registrar a maior estiagem dos últimos dez anos no período da produção da segunda safra de milho. A falta de chuvas que vem sendo presenciada desde fevereiro e se agravou em abril. Em algumas regiões do estado existem municípios que já registraram queda de até 95% no volume de chuvas no quarto mês do ano, em relação à média esperada, segundo dados da Somar Meteorologia. A preocupação continua porque mesmo com a queda na temperatura ocorrida nos últimos dias, não há previsão de chuva forte até o final do mês de maio.
Sorriso, maior produtor de soja do país, retrata a situação da região Médio-Norte do estado. Segundo a Somar Meteorologia, em abril choveu apenas 7,3 milímetros (mm), uma brusca redução de 95% em relação à média climatológica ideal prevista de 138,3/mm para o município.
As condições climáticas desfavoráveis também foram registradas em Sapezal, no Oeste mato-grossense. No município, as precipitações em abril ficaram 47% abaixo da média esperada de 197,1/mm, com chuvas de 104/mm. A região teve no mês passado o segundo menor volume de chuva registrado dos últimos dez anos, ficando à frente apenas do ano de 2001, quando choveu 93/mm em abril.
A região Oeste do estado vem sendo muito prejudicada na safra 2009/2010 pelo clima porque em plena colheita de soja sofreu com chuvas acima do ideal e agora está sendo penalizada com a estiagem para o milho.
“Estamos vivendo um momento delicado porque dependendo da região e da época em que foi iniciado o plantio, a planta está ou na fase de soltar o pendão ou de enchimento do grão, etapas em que a água é fundamental para o desenvolvimento do milho”, pontua o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Glauber Silveira da Silva.
A estiagem já fez com que o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revisse para baixo alguns números da segunda safra de milho no estado. A produtividade este ano já está comprometida e os números de abril apontam para 72 sacas por hectare, o que corresponde a 14% a menos que as 84 sc/ha colhidas em 2009. Em março, a produtividade média foi estimada em 79 sc/ha, o que significa queda de 8,6% ante o ano passado.
Segundo avaliação do Imea, com as condições atuais e a previsão futura do clima sem chuva para Mato Grosso, a produtividade poderá cair ainda mais e isso poderá agravar a relação entre o custo de produção e a produtividade, que já não é das melhores. Se o produtor colher 80 sc/ha terá um custo de R$ 10 a saca, já com 72 sc/ha o custo subirá para R$ 11,11 saca.
Na outra ponta, o preço do milho pago pelo mercado para o milho em Mato Grosso está abaixo do custo de produção e dependendo da praça oscila entre R$ 7 e R$ 10,50%. “Por isso precisamos que os leilões de milho ocorram antes do início do plantio e esperamos que os resultados dos prêmios pagos atinjam os limites máximos”, pontua o presidente da Aprosoja/MT.
Na próxima quinta-feira (27.05) a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza o primeiro leilão de milho do ano para Mato Grosso, que ofertará 600 mil toneladas via Prêmio para o Escoamento da Produção (PEP) para seis regiões de Mato Grosso. O aviso da oferta pública foi publicado na quarta-feira (19.05). A companhia estabeleceu limite para a comercialização de 1 mil tonelada por Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou por Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Para todo o país será ofertada 1 milhão de tonelada.
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