Exercícios físicos sozinhos não controlam hipertensão
A pesquisa acompanhou um grupo de 48 mulheres com IMC (índice de massa corporal) normal, com sobrepeso e com obesidade durante 16 meses. Todas passaram por séries de exercícios físicos.
Só quem perdeu peso conseguiu reduzir o índice de hipertensão. Não houve acompanhamento nutricional. "Nós queríamos avaliar os efeitos só do exercício sem interferir na rotina alimentar", diz o professor Hugo Celso Dutra de Souza, do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação.
Funcionária do campus da USP de Ribeirão, a auxiliar de biotério Lourdes Silva Castania, 59, foi uma das acompanhadas no estudo. Ela controla a pressão arterial com medicamentos há dez anos e já registrou picos de pressão de 18 por 11 _acima do patamar de 12 por 8, já existe hipertensão.
Nos 16 meses, Lourdes perdeu 4 de seus 71 quilos _ela tem 1,50 m de altura. O resultado, segundo diz, foi que sua pressão se estabilizou em 12 por 8. "Eu até reduzi o remédio para controle da pressão de três para duas vezes ao dia."
A fisioterapeuta Thaísa Helena Roselli Di Sacco, uma das pesquisadoras, afirma que o estudo comprovou a eficácia tanto dos exercícios quanto da perda de peso, mas que só os fatores combinados são ideais no controle da pressão.
Obesidade
A pesquisa também abriu novas possibilidades para o estudo das causas da obesidade. O problema pode estar ligado a uma disfunção do chamado sistema nervoso autônomo, que mantém as funções de órgãos e sistemas em níveis adequados.
O sistema autônomo regula, de forma involuntária, todo o conjunto cardiovascular por meio de dois componentes: o simpático, que é responsável por aumentar a frequência cardíaca, quando há necessidade, e o sistema parassimpático, que tem efeito inverso.
O estudo constatou um padrão entre as mulheres com sobrepeso ou obesas: elas tinham alterações no sistema.
Isso abriu uma nova investigação, em busca de comprovar se a obesidade foi a responsável por essa alteração ou, do contrário, se o aumento de peso foi causado por uma disfunção que já existia no sistema autônomo.
"É a obesidade que promove um desequilíbrio autonômico, ou será que as mulheres com esse desequilíbrio tem maior propensão à obesidade? É isso que vai ser investigado agora", diz Souza, professor da USP.
Se a tese de que a disfunção pode ter causado a obesidade se comprovar, segundo o professor, isso poderá ajudar na detecção precoce de crianças com propensão ao excesso de peso.
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