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Internacional
Quarta - 19 de Maio de 2010 às 12:02

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu nesta quarta-feira que haverá um retrocesso na questão nuclear iraniana se o Conselho de Segurança da ONU não tiver disposição para negociar uma saída diplomática.

"Agora depende do Conselho de Segurança da ONU sentar-se com disposição para negociar, pois se você se senta sem vontade de negociar, vai haver um retrocesso", disse Lula, durante uma conferência sobre a economia brasileira em Madri.

As declarações de Lula vêm um dia depois dos Estados Unidos apresentarem ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) uma proposta de sanções contra o programa nuclear do Irã.
 

Vahid Salemi/AP
Presidente Lula cumprimenta o colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã
Presidente Lula cumprimenta o colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã


As novas sanções contam com o apoio da Rússia e China, os membros permanentes mais relutantes do Conselho de Segurança.

Uma quarta rodada de sanções seria uma derrota aos esforços diplomáticos do Brasil, que conseguiu, junto a Turquia, um acordo nuclear com Irã.

O documento prevê que o Irã envie à Turquia 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido (a 3,5%), para ser trocado em um prazo máximo de um ano por 120 quilos de combustível altamente enriquecido (20%), necessário para o reator de investigação científica em Teerã.

Tanto Brasil como Turquia definiram o acordo como avanço das negociações e um sinal claro de que não havia necessidade das sanções.

As potências reagiram com ceticismo ao acordo e os Estados Unidos afirmaram que era apenas uma estratégia do Irã para tentar se esquivar de novas sanções. Os países argumentaram ainda que o acordo não inclui o fim do enriquecimento de urânio a 20% em território iraniano, o que vai contra resolução do próprio conselho.

Lula disse, contudo, que o acordo tripartite é "exatamente o que os EUA queriam fazer cinco ou seis meses atrás" --em referência a proposta de troca de urânio oferecida pelo grupo dos 5+1 (Reino Unido, França, EUA, China, Rússia e Alemanha) ao Irã, em outubro passado, e que foi rejeitada.

"Qual era o grande problema com o Irã? Ninguém podia sentar para negociar. Tudo que queríamos era convencer o Irã de que deve fazer um compromisso com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e que deve negociar, que deve depositar o seu urânio na Turquia. Isto é o que foi acordado", completou.

Sanções

Além de Reino Unido, França e Alemanha, os EUA conseguiram conquistar também o apoio de Rússia e China para a nova proposta de sanções, após meses de negociação.

A embaixadora do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, deixou claro nesta terça-feira que o país está insatisfeito com a divulgação de um esboço de sanções contra o Irã, após uma reunião do grupo na tarde de hoje.

Já o chanceler Celso Amorim disse que irá reagir dentro do Conselho de Segurança da ONU e que está escrevendo uma carta a quatro mãos com o chanceler turco para enviar aos membros do conselho.

Na mensagem, os dois países irão justificar que todos os pontos considerados essenciais pela comunidade internacional foram acatados pelo Irã no acordo firmado ontem entre Brasil, Irã e Turquia.

Ilegítimas

O governo iraniano criticou nesta quarta-feira as potências e afirmou que as sanções são ilegítimas e rompe com os avanços obtidos pelo acordo mediado por Brasil e Turquia e que determina a troca de urânio pouco enriquecido iraniano por combustível nuclear.

O diretor da Organização de Energia Atômica iraniana, Ali Akbar Salehi, citado pela agencia de notícias Fars, afirmou que as potências "se desacreditam diante da opinião pública" ao persistir na campanha por novas sanções.

"A questão das sanções ficou para trás", disse Salehi, que classificou o quarto pacote de sanções como "uma última tentativa do Ocidente".

"Pela primeira vez, sentem que os países emergentes podem defender seus direitos no cenário internacional sem necessidade de recorrer às grandes potências e é algo difícil de aceitar para eles", completou.






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