Candidatos a governador vão passar campanha sob questionamentos
O governador Silval Barbosa, que busca a reeleição pelo PMDB e com respaldo do PR e do PT, se vê em apuros por causa dos indícios de superfaturamento na aquisição dos 705 equipamentos adquiridos pelo Estado e distribuídos aos municípios. A compra foi feita no apagar das luzes da gestão Blairo Maggi, mas o desgaste vem respingando no sucessor, tanto que dois dos três secretários de Silval ligados diretamente ao processo licitatório e nas negociações com as concessionárias foram exonerados. O peemedebista tem dito que o Paiaguás tomou todas as providências, mas os oposicionistas pouco importam com essa justificativa. Querem mesmo é "martelar" a gestão Silval como responsável pelo escândalo. Há frentes de investigação na Delegacia Fazendária e no Ministério Público, tanto estadual quanto federal.
Mauro Mendes, pré-candidato a governador pelo PSB, enfrenta questionamentos constantes sobre privilégios a sua empresa, a Bimetal, dentro da política de incentivos fiscais concedidos no governo Blairo Maggi (2003/2010). Relatório do Tribunal de Contas do Estado revela que a concessão de incentivos fiscais vem crescendo desde a posse de Maggi. Nos últimos anos soma R$ 1 bilhão, mas do que o previsto nos orçamentos de saúde e segurança e semelhante ao total destinado à educação. O perdão fiscal beneficia principalmente a indústria de transformação e o setor agropecuário, que não ocupam o topo do ranking da geração de empregos no Estado. A maior parte dos incentivos foi destinada a poucas empresas e cidades. Dos mais de R$ 450 milhões de incentivos concedidos em 2008 pela secretaria de de Indústria, Comércio, Minas e Energia, 20% foram destinados a apenas quatro empresas. Uma delas é a Bimetal, de Mendes, que pertencia ao PR de Maggi e, embora tenha migrado para o PSB, mantem forte ligação de amizade com o ex-governador.
Enquanto Silval se vê atormentado com o fantasma das máquinas e Mendes tampa os ouvidos para não ouvir a expressão "incentivos fiscais", o ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos, pré-candidato ao governo pelo PSDB, não conseguiu tirar dos ombros o peso das obras empacadas do Programa de Aceleração do Crescimento. Além de passar quase três anos num processo capenga - sua gestão não executou 10% dos projetos do PAC, que destinou R$ 238 milhões para saneamento na Capital -, Wilson ainda teve que conviver com prisões e bloqueio de bens de fortes aliados. Por sorte, todo o processo foi considerado nulo pela própria Justiça. O estrago político, porém, já tinha sido feito.
Esses assuntos polêmicos devem dominar o debate eleitoral na corrida à cadeira de governador. Quem conquistar o Paiaguás, pelo jeito, chegará "sangrando". É que numa campanha majoritária os candidatos passam por verdadeiro fogo cruzado. Enfrentam baixarias dos adversários, ataques, agressões e dossiês. Salve-se quem puder. No final, o futuro governador terá um orçamento anual próximo de R$ 10 bilhões e uma máquina para cuidar com quase 100 mil servidores, distribuídos em 23 secretarias, órgãos e autarquias.
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