Empresa de Singapura quer parceria com Embrapa em pinhão-manso

Uma comitiva da empresa JOil Pte. Ltda esteve ontem (17/05), na Embrapa Agroenergia para avaliar as possibilidades de estabelecer projetos de cooperação para pesquisa e desenvolvimento em pinhão-manso (Jatropha curcas L.).

A comitiva empresarial é formada pelo Gerente Geral da empresa, Sriram Srinivasan, pelo Gerente de Pesquisas e Operações, Hong Yan e pelo responsável com pesquisas de cultivo in vitro Ramachandran Srinivasan. A empresa realiza pesquisas com pinhão-manso há cerca de três anos, motivada pelo potencial de cultivo dessa espécie em diferentes condições.

“O pinhão-manso, dentre as oleaginosas não-comestíveis, é uma das mais promissoras, pela produtividade agrícola, pelo uso de terras marginais, pela integração com lavouras alimentares e pela possibilidade do uso na produção de biocombustíveis para veículos e para aviões” ressaltou o Gerente Geral da JOIL.

A comitiva foi recebida na Embrapa Agroenergia pelo Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento, Esdras Sundfeld, pelo Chefe de Comunicação e Negócios, José Manuel Cabral e pelo líder do projeto BrJatropha, Bruno Laviola. Completando a visita, a comitiva foi ao o Banco de Germoplasma de Pinhão-manso na Embrapa Cerrados e ao Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

A JOIL Pte é uma empresa baseada em Singapura, que tem um programa abrangente de trabalho com pinhão-manso, que vai desde a coleta e caracterização de materiais genéticos, desenvolvimento de cultivares e híbridos e experimentação para avaliação e adaptação de materiais em diversos países, como Índia, China, Tailândia, Filipinas, indonésia e Quênia.

O programa de pesquisa e desenvolvimento da JOIL Pte em estratégias complementares como a avaliação de materiais genéticos de várias procedências, a geração de híbridos interespecíficos e a inserção de genes por meio de cruzamentos com outras espécies do gênero Jatropha.

No futuro, nesta última estratégia será usada a biotecnologia para geração de cultivares transgênicos, com características de maior interesse como elevada produtividade, resistência e insetos-praga e doenças, ausência de fatores tóxicos, como os ésteres de forbol e a curcina.

Na viagem ao Brasil, os dirigentes da empresa pretendem conhecer as condições para cultivo do pinhão-manso no país e buscam parceiros empresariais para a construção de um laboratório de cultura de tecidos. Essa técnica pode resolver alguns dos problemas agronômicos do pinhão-manso, como a falta de uniformidade nas plantas e na maturação dos frutos.

“Já temos o protocolo de cultivo ‘in vitro’ e se tivermos sucesso ao aplicá-lo em materiais genéticos brasileiros, será um grande passo para a consolidação da cultura no Brasil” disse Yan. Essa opinião é compartilhada por Mike Lu, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Pinhão-manso (ABPPM), que acompanhou a delegação visitante. “O Brasil tem grande potencial para produção de combustível de aviação a partir de pinhão-manso e as tecnologias que melhoram e aceleram a produção agrícola, irão substituir os combustíveis fósseis por biocombustíveis”, diz Mike Lu.

A avaliação dos híbridos produzidos pela companhia singapuriana em condições brasileiras e a adaptação do protocolo de cultivo in vitro, para a produção das plântulas em biorreatores, técnica já patenteada pela Embrapa, são duas possibilidades de cooperação entre a Embrapa e a JOIL. As propostas serão avaliadas pelas equipes técnicas e é possível que ainda neste ano seja estabelecido um acordo de cooperação entre as empresas.