Endividados, mas não inadimplentes. Pelo menos é o que revela a Facmat. Oportunidades levaram mato-grossenses a ampliar compras neste início de ano
Endividamento do consumidor cresce quase 65% este ano
O saldo do endividamento do consumidor mato-grossense avançou 64,67% no primeiro quadrimestre de 2010, em relação a igual período do ano passado. De acordo com levantamento divulgado ontem pelo Sistema Crediconsult, da Federação das Associações Comerciais do Estado de Mato Grosso (Facmat), o montante da dívida saltou de R$ 22,431 milhões, no período de janeiro a abril de 2009, para R$ 36,938 milhões, este ano. Já o número de inclusões de inadimplentes aumentou apenas 1,71% no mesmo comparativo, passando de 141,963 mil inclusões para 144,400 mil inclusões.
O levantamento da Crediconsult, que leva em conta informações de mais de 10 mil empresas filiadas ao banco de dados em Mato Grosso, mostra também o acumulado das dívidas nos últimos cinco anos. No período de 2004 a 2009, por exemplo, o montante das dívidas era de R$ 181,354 milhões. Já no período 2005/2010, o saldo acumulado saltou para R$ 192,704 milhões, incremento de 6,25% na comparação com o período 2004/2009. No mesmo período, o número de inclusões aumentou 6,16%, passando de 479,142 mil (2004/2009) para 508,698 mil no período de 2005 a 2010.
Para o superintendente da Federação das Associações Comerciais do Estado (Facmat), Manuel Gomes, o aumento do saldo do endividamento não indica apenas a elevação da inadimplência, mas principalmente o incremento do consumo. “Podemos afirmar que a expansão do consumo é mais significativa do que a inadimplência, que subiu menos de 2% se considerarmos apenas o número de inclusões”, avalia Gomes.
Ele destaca ainda a importância do papel exercido pelo Crediconsult, no sentido de permitir a recuperação do crédito e a regularização da situação do consumidor junto às lojas. “A eficácia do sistema em fazer a inclusão oferece oportunidade de o devedor procurar a empresa credora e fazer a negociação da dívida”, destaca Gomes, lembrando que os números do sistema contemplam as dívidas de maior porte dos consumidores.
“Notamos que a cada dia que passa as empresas estão utilizando o sistema como forma de resgatar o crédito, uma vez que o desembolso é baixíssimo considerando o retorno do investimento”.
EXCLUSÕES – O quadro de exclusões no primeiro quadrimestre do ano apresenta saldo positivo para o comércio. O levantamento do Crediconsult/Facmat aponta aumento de 29,18% no número exclusões e de 81,71% no valor das dívidas excluídas em relação ao primeiro quadrimestre de 2009. Este ano, foram registradas 86,816 mil exclusões, contra 67,205 mil no ano passado. Já o montante das dívidas relativas às exclusões somou R$ 33,249 milhões em 2010, ante R$ 18,297 milhões, no primeiro quadrimestre de 2009.
“Se compararmos as variações do número de inclusões (64,67%) e o de exclusões (81,71%), teremos uma queda de 17,04% no índice de inadimplência”, avalia Gomes. (Veja quadro ao lado)
A tendência, segundo ele, é a inadimplência continuar caindo face à recuperação da economia e do poder de compra da população. “A dívida está caindo consideravelmente, enquanto as vendas estão aumentando. O Dia das Mães deu uma idéia de quanto o consumo está firme”. Segundo ele, a economia vem mostrando sustentabilidade em uma curva ascendente de melhoria do poder aquisitivo para todas as classes de consumidores.
“A política de governo federal de desoneração é uma medida que melhora os preços para o consumidor, propiciando a oferta de produtos de maior valor agregado e de melhor qualidade. Em contrapartida, o comércio tem oferecido facilidades nas compras, com financiamentos e prazos longos e taxas reduzidas, e oportunidade para a população restabelecer o crédito. A nossa previsão é de que nossa economia cresça em dois dígitos por um longo período”, avalia.
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