Investimentos no Brasil não sustentam PIB de 7%, diz Itaú Unibanco
Em evento organizado pela Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), ele afirmou que o atual nível de recursos seria suficiente para manter uma expansão de cerca de 4% nos próximos anos. "Só vamos crescer em torno de 6%,7% neste ano porque no ano passado não crescemos nada. Mas isso não é sustentável", afirmou.
"Nós não temos poupança pública nem investimentos em infraestrutura suficientes para manter isso", disse. O presidente da instituição financeira ressaltou que é necessário que o governo aumente sua poupança para elevar os investimentos, que, segundo ele, são feitos hoje principalmente pelo setor privado.
"É claro que é necessário aumentar o nível de investimentos na economia brasileira e a poupança do país. Essa é uma das bases de um crescimento mais sólido, mais rápido e de uma maneira sustentável", afirmou Murilo Portugal, vice-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), também presente ao evento.
Ele não quis comentar, porém, quanto seria possível crescer com o nível atual de investimentos no Brasil.
Setubal afirmou ainda que é importante desenvolver o mercado de capitais local no país. "Muitas coisas já foram feitas, o Brasil teve grande número de IPOs [oferta inicial de ações] no ano passado, mas ainda assim muito do dinheiro que vem daí é de estrangeiros, e isso significa que o Brasil está usando dinheiro de fora para se financiar", disse.
Para o executivo, o volume alto de capital estrangeiro não é problema se as finanças públicas estiverem sob controle e houver investimentos de longo prazo no país. "Fontes externas de financiamento são boas, mas precisam ser usadas da forma certa."
Crescimento
Portugal, do FMI, afirmou que o Fundo ainda pode rever para cima a projeção de crescimento para o Brasil neste ano --atualmente de 5,5%. "É possivel que no decorrer do ano nós revisemos essa projeções e, possivelmente no caso do Brasil, vamos ter um número maior", disse.
Ele ressaltou que o país se saiu bem na crise, e que o ritmo de crescimento da economia brasileira está, atualmente, acima do da economia mundial.
O dirigente afirmou ainda que os problemas evidenciados na Europa nas últimas semanas, relacionados ao endividamento de alguns países da zona do euro, ainda não afetaram a economia real, "que segue crescendo".
"As medidas adotadas pela Comunidade Europeia, Banco Central e pelos países europeus foram bastante profundas e bastante importantes, e conseguiram reverter a dinâmica negativa que se instalava nos mercados", afirmou, se referindo ao pacote de cerca de US$ 1 trilhão anunciado na semana passada.
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