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Internacional
Terça - 18 de Maio de 2010 às 16:19

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O número de soldados americanos mortos no Afeganistão desde o início da ação militar liderada pelos EUA, em 2001, passou de mil nesta terça-feira, após um homem-bomba em Cabul, informa o jornal americano "The New York Times".

 
Ahmad Massoud/AP
Policiais observam carro após ataque suicidia em Cabul, que matou 12 civis e seis militares; ataques matam cada vez mais pessoas
Policiais observam carro após ataque suicidia em Cabul, que matou 12 civis e seis militares; ataques matam cada vez mais pessoas


As primeiras 500 baixas levaram quase sete anos, enquanto as outras 500 aconteceram em pouco mais de dois anos, segundo o jornal, num ritmo que foi acelerado graças à retomada da atividade taleban em quase todas as províncias, a um fraco governo central incapaz de proteger a população e a um número maior de soldados americanos em combate.

Os mortos são cada vez mais novos e recém-treinados, segundo registros militares. De 2002 a 2008, a idade média dos soldados mortos em ação no Afeganistão era de 28 anos; em 2009, caiu para 26; este ano, os mais de 25 soldados mortos em combate tinham em média 25 anos, informa o jornal.

Também aumentou significativamente nos últimos dois anos o número de baixas no Afeganistão causadas por bombas caseiras, em maior quantidade e mais potentes, como também aconteceu no Iraque.
 

Asmaa Waguih/Reuters - 13.abr.10
Criança observa militares americanos em área residencial na Província de Helmand; soldados morrem cada vez mais jovens
Criança observa militares americanos em área residencial na Província de Helmand; soldados morrem cada vez mais jovens


Se no começo da guerra, granadas propelidas por foguetes e pequenas armas de fogo eram as mais fatais para as tropas americanas, em 2008 pela primeira vez, mais da metade das baixas ocorreu por causa dos chamados "artefatos explosivos improvisados", diz o "NY Times".

Os dados divulgados mostram ainda que aumentou o número de soldados mortos em cada ataque.

Caos eleitoral

A desordem em agosto do ano passado, quando os afegãos votavam nas eleições nacionais, serviram como um alerta a muitos americanos que ignoravam as condições no país.

Em agosto de 2009, 47 soldados americanos morreram, mais do que o dobro que em agosto de 2008, fazendo esse ser o mês mais mortal de toda a guerra, segundo o "NY Times". Julho, agosto, setembro e outubro de 2009 foram os meses mais mortais da guerra toda.

O presidente afegão, Ahmid Karzai, ganhou o primeiro turno das eleições afegãs, mas investigações de fraude massiva no pleito reduziram sua margem e obrigaram a realização de um segundo turno.

Seis dias antes da nova votação, o candidato da oposição Abdullah Abdullah decidiu abandonar a disputa, sob a alegação de que existiam muitos riscos de repetição das fraudes registradas no primeiro turno.

A comissão eleitoral decidiu então que o segundo turno não seria realizado e declarou Karzai --candidato único-- reeleito.

Estratégia de guerra

O jornal americano defende que este seria um momento decisivo para o público americano voltar a prestar atenção novamente no Afeganistão e para que o governo de Barack Obama revisse e mudasse sua estratégia no país.

Os meses de verão no Afeganistão [inverno no Brasil] costumam ser os mais violentos no país, quando insurgentes saem dos esconderijos nas montanhas para planejar emboscadas e recrutar novos militantes.

Na quarta-feira passada (12), Obama disse que a guerra no Afeganistão deve piorar antes que chegue ao fim, mas reiterou que o plano de retirada das tropas será mantido. "O que eu quero enfatizar é o fato de que haverá duros confrontos nos próximos meses", disse Obama ao lado de Hamid Karzai, em visita a Washington.

"Não iremos negar esse processo.Tampouco iremos negar os sérios desafios que enfrentamos no Afeganistão", acrescentou o presidente americano.

As forças norte-americanas no país se preparam para uma ofensiva contra o Taleban na Província de Candahar, que começará em junho. A campanha --que já teve início em distritos do subúrbio da cidade-- deve ser uma das mais violentas da guerra, que já dura nove anos.

Tropas dos EUA

No ano passado, ao anunciar a expansão das tropas no país --que devem bater o recorde de 98 mil homens-- Obama prometeu trazer parte dos soldados para casa em julho de 2011.

A data pretendia garantir ao Paquistão e aos críticos da guerra que o conflito teria um fim. O cronograma também visava ser um sinal para Karzai de que os EUA esperavam comprometimento, como o estabelecimento de um governo estável e o combate à corrupção.

"Nós não vamos, em julho de 2011, deixar de lado o Afeganistão", disse Obama. "Depois dessa data, continuaremos a ter interesse em um Afeganistão seguro, com desenvolvimento econômico em progresso e com a promoção da boa governança", afirmou.

Dirigindo-se aos americanos, Obama disse que os EUA fazem "progresso gradual", e que não é algo "da noite para o dia".

Ao menos 982 soldados americanos morreram no Afeganistão, Paquistão e Uzbequistão desde o início da ação militar liderada pelos EUA em 2001, segundo a Associated Press.

Compromisso

Na terça-feira passada (11), durante encontro com Karzai, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também assegurou ao líder que o compromisso de Washington não deixará os afegãos abandonados após a retirada das tropas.

"Deixarei isso claro: na medida em que buscamos uma transição responsável e ordenada depois da missão internacional de combate no Afeganistão, não abandonaremos os afegãos; nosso compromisso civil se prolongará durante muito tempo no futuro", prometeu.

Hillary admitiu que os EUA não criam "ilusões" sobre as dificuldades que haverá no caminho e qualificou o progresso no Afeganistão de "real, mas também frágil". Ela quis, no entanto, deixar claras as inquietações de Washington.

"Estabilidade a longo prazo requer melhorar a capacidade governamental em todos os níveis. Requer um esforço comum e ordenado contra a corrupção", destacou.

No entanto, ela também aplaudiu "os passos dados pelo presidente Karzai para lutar contra a corrupção".

Com agências internacionais






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