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Saúde
Segunda - 17 de Maio de 2010 às 12:03

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Uma inovação brasileira desenvolvida para operar bebês com malformação nasal apresenta resultados melhores do que as cirurgias tradicionais, segundo uma revisão de estudos nacionais e internacionais.

A pesquisa mostrou que 30% dos bebês operados pelo método tradicional precisam ser reoperados mais de uma vez, contra 9% dos que fazem a cirurgia adaptada por brasileiros.

A revisão, que envolveu 29 estudos, foi realizada pelo otorrinolaringologista Antonio Carlos Cedin, do Hospital Beneficência Portuguesa, e será publicada na Cochrane (rede global dedicada à revisão de pesquisas na área de saúde).

Bebês que nascem com essa malformação não conseguem respirar direito porque um osso fecha o canal entre o nariz e a traqueia, por onde o ar deveria passar. Como ao nascer a criança respira essencialmente pelo nariz, ela precisa ser entubada até ter condições de passar por uma cirurgia corretiva.

As cirurgias

Na técnica convencional, o cirurgião quebra o osso para abrir espaço e insere um molde (tipo um stent) com o objetivo de manter a abertura. O bebê fica com o molde no nariz por pelo menos 45 dias.

Depois que o molde é retirado, 30% das crianças precisam reoperar, porque o nariz volta a fechar. "O organismo reage ao corpo estranho, isso favorece a proliferação do tecido e infecções. Isso faz com que o local volte a fechar", explica Cedin.

A adaptação cirúrgica foi criada por Cedin e também pela otorrino Shirley Pignatari, em parceria com o professor Aldo Stamm, da Unifesp.

A técnica aproveita retalhos do tecido que reveste as mucosas do nariz para ter uma cicatrização mais rápida e com menos riscos de nova obstrução.

Há pequenas variações entre a técnica criada por Cedin e a desenvolvida por Pignatari, mas ambas promovem uma reabilitação melhor.

Após quebrar o osso e abrir o orifício para a passagem do ar, os médicos, em vez de molde, fazem uma espécie de "borda" e colam a região com a pele do próprio paciente.

"As duas técnicas brasileiras têm o mesmo princípio: são menos invasivas e com menos riscos de reobstrução. O pós-operatório também é muito melhor, evita o desconforto de a criança ter que ficar com um molde no nariz", diz Pignatari.

Mas José Faibes Lubianca Neto, presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica diz que, apesar de haver outras técnicas para corrigir a obstrução, a mais usada no Brasil é a dos moldes.

"A técnica do retalho tem o benefício de diminuir o risco de novas intervenções, mas é uma cirurgia demorada e difícil."
 

  Arte/Folha  





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