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Politica MT
Segunda - 17 de Maio de 2010 às 09:08
Por: Romilson Dourado

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A ação popular movida contra o governo do Estado, que resultou na decisão da Justiça de determinar perícia técnica no maquinário distribuído aos municípios por causa de indícios de sobrepreço e de outras irregularidades, foi articulada nos bastidores pelo PSDB, legenda do ex-prefeito cuiabano Wilson Santos, pré-candidato a governador.

Em princípio, seria o próprio partido quem assinaria a ação, mas, como a informação "vazou" e houve temor de que o tiro poderia sair pela culatra, buscou-se, então, entendimento com Antonio Sebastião Gaeta, morador em Jaciara.

O pedido para Gaeta recorrer à Justiça foi tramado pelo vice-prefeito de Jaciara Leopoldo Mendonça, pelo ex-vereador Milton Ferreira Júnior e pelo coordenador das obras do PAC em Cuiabá Aparecido Alves, o Cido, que também possui base eleitoral no município. Leopoldo e Cido são do PSDB e, numa análise junto à cúpula estadual, com participação do ex-senador Antero de Barros e do principal interessado no assunto Wilson Santos, concluíram que, com a formalização da denúncia, poderia complicar ainda mais a situação política e jurídica do ex-governador Blairo Maggi e do sucessor Silval Barbosa, que busca a reeleição. A estratégia seria tumultuar e causar transtorno nas prefeituras porque há possibilidade de todas as máquinas pesadas e caminhões que estão operando nos municípios serem recolhidos para o trabalho de perícia em Cuiabá. Nesse caso, o desgaste seria maior para as imagens de Maggi e Silval, pré-candidatos ao Senado e ao Paiaguás.

Na ação, Gaeta, que tem como advogado Félix Marques, candidato derrotado a deputado e a vereador, pede confisco das máquinas, indisponibilidade dos bens de Maggi, do secretário Éder de Moraes (Casa Civil) e dos ex-secretários Geraldo de Vitto e Vilceu Marchetti, que pediram exoneração das pastas de Administração e Infraestrutura, respectivamente, e ainda que todos venham a responder por atos de improbidade. Os pedidos foram deferidos parcialmente pelo juiz federal Julier Sebastião da Silva.

O problema é que, politicamente, esse tipo de procedimento se torna uma faca de dois gumes. De um lado, surge um PSDB em defesa da moralidade e da investigação das denúncias sobre superfaturamento na aquisição do maquinário, que custou R$ 241 milhões, com financiamento do BNDES, mas, de outro, traz uma certa ira de prefeitos e moradores porque ficariam sem os serviços de melhoria na infraestrutura, principalmente no caso de recuperação de estradas vicinais. Na bronca, eles poderiam enfraquecer a candidatura de oposição.

A jogada do tucanato, que sonha em reconquistar o Paiaguás com Wilson, oito anos depois de comandar o Estado com Dante de Oliveira (já falecido), é explorar o escândalo das máquinas para sufocar um outro escândalo, o das fraudes nas licitações das obras do PAC na Capital, que resultaram no ano passado até em prisões de advogados, agentes públicos, empreiteiros, políticos e servidores. Assim, os tucanos acham que, na pior da hipóteses, vão ficar empatados com o grupo de Maggi e Silval quanto aos esquemas de fraudes. A oposição tem problemas com o PAC e, a ala governista, com as máquinas.

Os projetos do PAC, com previsão de R$ 238 milhões de investimentos da União em saneamento básico em Cuiabá, continuam empacados desde a gestão Wilson como prefeito. Agora, quem está sob ameaça de também ficar empacado são os municípios, que receberam do Estado maquinário superfaturado. Essas discussões transcedem ao interesse da Justiça e ganham maior força na questão política, afinal, estamos a um mês das convenções e a quatro das eleições gerais.





Fonte: RD News

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