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Economia
Segunda - 17 de Maio de 2010 às 08:57
Por: Jonas da Silva

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Empresário Luciano de Souza José idealizou o projeto para diversificar o atendimento
Empresário Luciano de Souza José idealizou o projeto para diversificar o atendimento

Levar alimentos como se fosse de porta em porta como faziam antigos mascates é a ideia central definida pelo economista e proprietário da Distribuidora de Frutas e Legumes São Paulo, de Cuiabá, Luciano de Souza José, com a oferta dos produtos em 2 condomínios de Cuiabá (Condomínio Florais e Vila DiCaprio), em forma de uma "feira vip". A estratégia é um novo nicho de mercado identificado e traçado pelo empresário, que atua no atacado há quase 20 anos, 15 dos quais no centro atacadista do Verdão.

O serviço é realizado há cerca de 2 meses com uma van adesivada com a identificação de atendimento exclusivo ao segmento de consumidores. O veículo leva a banca móvel de frutas, verduras e legumes para se instalar em algum ponto do condomínio a fim de vender para os moradores. Até o fim do ano, diz, pretende ter 5 vans para atender igual número de grupo de residências coletivas. A proposta é ampliar a mais pontos para ter mais escala e aumentar o retorno. Os produtos vendidos são todos embalados em bandeja e com plástico, um diferencial que agrada a clientela. Na média, ele atende 50% dos moradores do condomínio.

O projeto foi pensado há 3 anos. "Visualizei que quem ganha dinheiro é o grande fornecedor, por isso veio a ideia de atender o varejo". A inspiração para descoberta dos condomínios como fonte de receita para a empresa teve a ver também com a multiplicação desses tipos de moradia, associado à correria do cotidiano das pessoas, que não têm tempo para necessidades simples, e devido à violência, pois o comércio desse modo representa mais segurança. "Percebi que com a falta de segurança que vem aumentando, a feira desse tipo gera tranquilidade para quem vende e compra".

A ação empresarial também permitiu até mais a união do grupo de moradores, na medida em que têm relacionamento aproximado. É o que explica o delegado de Polícia e morador do Condomínio Vila DiCaprio, Cristian Alessandro Cabral. "O serviço é muito bom e traz comodidade para o conjunto dos moradores e na própria socialização deles. As pessoas aproveitam para se encontrar e colocar o assunto em dia, coisa que não dá na correria de todo dia".

O autor da ideia acrescenta a situação de integração das pessoas com o conforto do serviço diferenciado. "As pessoas usam nossa feira para conversar, bater papo. Elas chegam em casa do trabalho, botam uma roupa confortável, pegam a sacola e fazem a compra". Ele diz que na relação social são marcados churrascos, passeios e há mudança do astral dos condôminos. Cabral cita um exemplo para comparar o serviço. "Sem fazer propaganda, é igual a um supermercado da Capital. E o preço é menor, e com qualidade equivalente". Isso é possível, afirma o empresário, porque ao atuar com a estratégia, o negócio do distribuidor cortou o elo do atravessador, ao destinar produtos para o consumidor.

Outra vantagem, avalia o cliente, é a manutenção da qualidade dos produtos. Em uma feira tradicional, ao se fazer a aquisição, normalmente o cliente compra e até chegar em casa as frutas e verduras amassam quando acondicionados dentro do carro, ou estragam no deslocamento. "Fora a variedade, nós fazemos a compra e colocamos dentro de casa".

Com a banca montada nos condomínios, o empresário oferece uma lista de 50 itens, que vai de alface, tomate, pimentão, quiabo, cebola, banana, maçã, laranja, limão, abacaxi, abobrinha, vagens e polpas congeladas para suco. E criou ainda a comodidade de os clientes não precisarem perder tempo para se deslocar e enfrentar o trânsito sempre mais caótico de Cuiabá e Várzea Grande. Pelo serviço, é como se os consumidores abrissem a porta ou a janela para colher produtos frescos e de qualidade. "Cuiabá tem crescido com o número de condomínios nos últimos anos. Pensamos em levar produtos para o consumidor que não tem tempo".

Os dois condomínios, informa Luciano de Souza José, são utilizados como piloto para a expansão futura do negócio. Com a operação, relata, é possível ajustar o sistema de informática e atendimento do caixa. Além de selecionar, embalar e colocar código de barras nas bandejas dos produtos, ele diz que no dia da feira todo o trabalho é feito de madrugada para manter a qualidade das mercadorias. "Vamos para o condomínio às 8 horas e passamos a madrugada preparando. Tem que ser frutas frescas, para não perder a qualidade ao embalar".

A grande questão dos hortifrutigranjeiros, conta o empresário, é que o que se consome em Cuiabá e Várzea Grande desses produtos é a não produção deles no local, o que faz o preço subir. A consultora e engenheira agrônoma Erzila Proença, que atua em projeto de desenvolvimento do setor na Baixada Cuiabana, estima que a associação do Cinturão Verde do bairro Pedra 90 é o local ideal para isso. "Temos um projeto este ano de hortaliças no bairro para fazer com que o mercado compre produtos daqui, sem vir de fora. Temos que montar um polo de produção em Cuiabá, Poconé, Nossa Senhora de Livramento, Chapada dos Guimarães para atender o mercado local.

Ela estima que o tamanho do mercado que vai gerar renda a pequenos produtores tem R$ 6 milhões só de insumos para atender a produção de hortaliça em Cuiabá e Várzea Grande em propriedades de pecuária pequena. Entre esses insumos estão adubo, sementes, agrotóxicos e substratos para o negócio, como caixas de madeira. "A dúvida dos pequenos produtores é se eles conseguem se sustentar. Não é algo que você vai fazer só plantio de abobrinha. Tem dia eles vão pegar preço bom. Se tiver sempre no mercado, vão ter rentabilidade". Ela informa que os produtores precisam de uma estratégia clara e rápida.

Cadeia - O negócio tocado por Luciano de Souza José mostra bem os novos desafios do varejo de agregar valor e diversificar serviços. Ele, por exemplo, atua desde a produção, quando a partir deste ano começou a produzir hortifrutigranjeiros em propriedade nos arredores de Cuiabá, como abobrinha, pimentão, quiabo e tomate. Há 5 anos já planta limão. Ele adquire ainda produtos de produtores e centro de distribuição de São Paulo e Paraná para vender no mercado atacadista. Com o serviço de "feira Vip", fecha o ciclo no varejo.

O proprietário diz que os clientes gostaram tanto que temem ficar sem o serviço, algo que ele descarta. No visão dos clientes, explica, pelo volume de vendas, a quantidade comercializada não paga o custo. Mas o proprietário descarta tal tese e diz que não tem prejuízo. "As pessoas nos parabenizam, perguntam se viremos na próxima semana, com medo da gente não atingir venda. Mas sei o máximo que posso vender lá. O que leva, vende".

Mas a nova empreitada de José e outros comerciantes do centro atacadista do Verdão é organizar o negócio deles para serem transferidos para outro local, porque o espaço próximo à nova Arena Multiuso para a Copa de 2014 em Cuiabá será utilizado pela Fifa. "Fomos informados que vamos ter que sair e em 2012 começa obra neste local". Para isso, há 3 meses, os empresários do centro atacadista formaram uma comissão para negociar com o governo e a prefeitura. "A preocupação dos feirantes é saber para onde vamos. Precisamos saber para planejar". Os total de empresários no local é de 250, que geram 1 mil empregos diretos e 10 mil indiretos em produção nas fazendas e pequenas propriedades.





Fonte: A Gazeta

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