Para o arcebispo primaz do Brasil, d. Geraldo Majella Agnelo, índice de casos é maior em "outras categorias" e pregação do Evangelho "incomoda"
Noticiar pedofilia é "campanha", diz cardeal
"Estamos sendo cobrados como se só nós tivéssemos esse pecado", afirma o cardeal. "Sabemos que esses casos não chegam a 1% dos 400 mil sacerdotes que existem no mundo. É uma abrangência baixa, pois dentro da própria família isso aumenta para mais de 10%. Outras categorias têm muito mais", diz, sem citar fontes ou acrescentar detalhes.
"A Igreja não está querendo a absolvição de todos os réus", continua. "Aqueles que forem acusados devem ser submetidos a julgamento. O Direito Canônico prevê punições e existem tribunais eclesiásticos para verificar se a acusação é procedente."
D. Geraldo explica que o bispo da diocese que abre processo canônico para apurar acusações de pedofilia no clero só pode denunciar o caso às autoridades "se ele fez uma investigação, um julgamento, e o padre foi considerado réu e responsável no processo em que está sendo julgado. Se o padre cometeu um crime, pode ser apresentado à lei do país."
O cardeal esclarece que o bispo que faz a acusação deve participar do processo eclesiástico. "Tem de mostrar a acusação documentada. A vítima não é obrigada pelo Direito Canônico, mas também não vai ser impedida de levar o caso a julgamento civil."
Pecados. Ao comentar a fala do papa Bento XVI, pouco antes de chegar a Portugal, paravisita de quatro dias na semana passada, de que a Igreja sofre mais pelos seus pecados internos que por perseguições vindas de fora, d. Geraldo diz que "a Igreja foi sempre santa e pecadora". "Não é porque um pecou que vamos dizer que toda a Igreja não presta. Foi um que pecou", declarou d. Geraldo.
O cardeal também acredita que "a Igreja incomoda pela pregação do Evangelho, ao exercitar um confronto do comportamento humano e da sociedade, com o Evangelho". "A vida cristã não é uma vida folgada. Ela exige renúncias e deveres", ensina.
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