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Lula pode sair como herói ou vilão
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva começa hoje uma visita oficial marcada pela polêmica que cerca o programa nuclear do país persa. E pode deixar o país, no dia seguinte, como o principal responsável por um acordo histórico ou como alguém que apenas ajudou Teerã a ganhar tempo para desenvolver a bomba atômica, segundo especialistas ouvidos pelo R7.
Ao lado de Rússia e Turquia, Lula tenta impedir a aplicação de novas sanções econômicas da ONU (Organização das Nações Unidas) ao Irã, que nega a intenção de construir a bomba e alega que seu programa nuclear serve apenas à geração de energia e ao desenvolvimento médico e científico. Ao mesmo tempo, no entanto, a República Islâmica se recusa a cooperar com os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), das Nações Unidas.
Na sexta-feira (14), na Rússia, Lula disse ter 99% de certeza de que conseguirá um compromisso do Irã que permita a troca do urânio enriquecido, uma exigência da ONU, fora do território iraniano. O presidente russo Dmitri Medvedev, ao seu lado, foi mais modesto: deu 30% de chances ao brasileiro. Ainda mais cética, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse depois que o desafio do Brasil no Irã é tão grande quanto escalar uma montanha.
A ideia de Lula, já defendida pela AIEA em negociações anteriores, é que Teerã entregue seu urânio "pobre" (3,5% de grau pureza) para ser enriquecido em outro local, provavelmente na Rússia, recebendo de volta o combustível com 20% de pureza, grau necessário ao reator medicinal na capital do país.
Mesmo céticos quanto às chances do presidente brasileiro, tanto russos quanto americanos já disseram que a visita de Lula é uma a última chance para o Irã. Os dois países são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que vai decidir sobre a punição ao Irã. O Brasil e a Turquia, também envolvida nas negociações, têm um assento temporário na entidade.
Se tiver sucesso, Lula e o Brasil ganharão ainda mais projeção internacional, um dos objetivos não declarados da diplomacia brasileira ao se envolver na questão iraniana. Se fracassar, o presidente brasileiro pode ser acusado de ajudar o Irã a ganhar tempo, enquanto o país tenta burlar a comunidade internacional para supostamente desenvolver sua bomba atômica.
Para o professor de Relações Internacionais Heni Ozi Cukier, ex-funcionário da ONU no Conselho de Segurança, o objetivo do Irã com essas negociações é justamente esse.
"Todo dia o governo do Irã acorda e fala uma coisa diferente, mas a conversa nunca progride. O Irã tem o objetivo de construir a bomba atômica e vai tirar todas as vantagens que puder para andar com seu projeto".
O especialista em história e política iraniana Babak Rahimi, professor da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, diz que a negociação com Brasil, Rússia e Turquia é apenas uma das frentes exploradas pelo país persa para dar continuidade ao seu programa nuclear.
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