Carlos Abicalil insinua que Valtenir “derrubará” Mendes

Em política, vale tudo: até espalhar uma cizânia básica. Foi o que fez nesta sexta-feira o presidente do Partido dos Trabalhadores no Estado, Carlos Abicalil. Vencedor das prévias que o fez candidato ao Senado, numa disputa feroz contra a senadora Serys Slhessarenko – que resultou no “racha” da sigla – o dirigente petista insinuar que o empresário Mauro Mendes, do PSB, não deverá ser candidato ao Governo do Estado por imposição do deputado federal Valtenir Pereira, presidente do PSB, que estaria, nos bastidores, articulando uma aliança para não correr o risco de ver sua reeleição naufragar.

Abicalil e Valtenir terão um encontro partidário em caráter institucional na próxima semana. O PSB é um dos partidos do arco de alianças do PT. No entanto, os dois políticos têm trocado constantes informações. Nos últimos tempos, os movimentos de Pereira são de distanciamento completo do Movimento Mato Grosso Muito Mais, liderado por Mendes e da qual participam o ex-procurador José Pedro Taques, do PDT, e o deputado estadual Percival Muniz, do PPS, além de representantes do Partido Verde.

“Raciocínio da senadora não diz que Mauro Mendes será candidato. Quem sabe? Portanto, vamos ver a partir da próxima segunda-feira se Mauro Mendes tem mesmo projeto para ser candidato. Vamos conversar com ele, com o deputado federal Valtenir Pereira. Vamos ver”, diz, lembrando que Valtenir pode até levar seu partido a uma aliança com o PMDB. “Não sei se Valtenir Pereira pensa em ter um candidato ao governo do Estado”completou, se referindo ao fato de que o parlamentar, fora de uma arco de aliança forte pode ser o mais votado do Estado e não ser eleito em virtude da legislação eleitoral que vai exigir dele um elevado coeficiente eleitoral, explica.

Um entendimento entre o PT e o PSB interessa aos dois. Primeiro  porque resolve-se o problema de Valtenir, que nunca escondeu temor quanto a possibilidade de ver sua reeleição cair em desgraça. Segundo porque sufoca o movimento da senadora Serys Slhessarenko, que deseja disputar o apoio do seu partido ao candidato Mendes, ao passo que Abicalil, altamente comprometido com o Governo, espera firmar no dia 23 próximo um acordo tácito do PT com a candidatura de Silval Barbosa, do PMDB.

Se nos bastidores do PT o comentário é de que Abicallil pode desistir de disputar o Senado, onde as recentes pesquisas o colocam em terceiro lugar na disputa, muito atrás do líderes, para garantir a reeleição na Câmara Federal, nas entrevistas, como a que concedeu nesta sexta-feira na rádio Cidade FM, o parlamentar, mesmo que timidamente não admite a possibilidade de recuo e assegura que a sua candidatura, em detrimento de Serys Slhessarenko foi uma escolha da maioria do partido e que irá até o fim, mesmo com a iminente possibilidade de derrota.

“Não existe a possibilidade de desistência. Reconheço o direito da senadora, mas é preciso ter em mente que a escolha foi feita dentro de uma prévia do partido com 9 mil filiados. Venci e acredito na minha vitória” – alega, sem entrar no mérito das denuncias feitas pela senadora sobre a legitimidade em que ocorreu essa vitória e também do uso da máquina administrada pela ala petista.
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Presidente estadual do partido, Abicallil assegura ainda que o PT vai caminhar unido na aliança com o governador Silval Barbosa (PMDB), que disputa o governo do Estado. “Durante as prévias definimos pela aliança. No próximo dia 23 vamos consolidar no encontro do partido esta aliança. Portanto, não será permitido que nenhum grupo faça campanha para outros candidatos” – completa.

Dizendo que a senadora Serys Slhessarenko ainda está ‘ressentida’ com a derrota nas prévias, Abicallil diz que espera ter um encontro com ela dia 23 para convencê-la a sair a Deputada Federal. “Ainda acredito nesta possibilidade. A senadora precisa entender que é importante para o PT e que tem tudo para se eleger deputado federal”, considera. Ele, no entanto, não gostou das críticas que a senador o fez da tribuna do Senado. “Lá não era o local apropriado para isso. Ela escolher a seara errada da reclamar”, completa.