Tratamento de AVC feito com atraso causa mais riscos que benefícios
Considera-se geralmente que a trombólise pode ser realizada em um prazo de três horas após a ocorrência de um AVC de origem isquêmica, ou seja, quando um vaso sanguíneo se fecha (80% dos AVCs).
Uma equipe internacional de pesquisadores liderada por Kennedy Lees (Universidade de Glasgow, Reino Unido) analisou os dados de oito testes clínicos (3.670 pacientes) para determinar como os benefícios e os riscos do tratamento com o medicamento alteplase evoluem em função do retardo do tratamento.
A análise mostrou que o tratamento com esse medicamento podia aumentar as chances de resultado favorável quando realizado até 4 horas e meia (270 minutas) após a ocorrência do ataque. No entanto, a probabilidade de uma boa recuperação diminui rapidamente na medida em que o atraso se prolonga.
Com isso, três meses depois de um AVC, os pacientes tratados com o alteplase em 90 minutos tiveram duas vezes e meia mais chances de ter uma boa recuperação do que aqueles tratados com um placebo. Aqueles tratados com o alteplase 270 minutos após o ataque, tinham apenas 22% de chances adicionais de se recuperar.
A análise mostrou pela primeira vez que a mortalidade aumentava quando o atraso do tratamento ultrapassava quatro horas e meia.
"As vítimas de AVC de origem isquêmica são beneficiadas por um tratamento com o alteplase feito em até quatro horas e meia. Para aumentar ao máximo o benefício, tudo deve ser feito para reduzir o atraso da realização do tratamento. Depois de quatro horas e meia, o risco pode ser superior ao benefício", concluíram os pesquisadores.
"Devemos aumentar a proporção de pacientes que chegam ao hospital logo depois da ocorrência do AVC, informando as pessoas sobre os sinais de alerta e ativando rapidamente o sistema médico de emergência", consideraram em um comentário Jeffrey Saver (Geffen School of Medicine, Estados Unidos) e Steven Levine (Mount Sinai School of Medicine, Estados Unidos).
O AVC é a segunda causa de demências após o Mal de Alzheimer.
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