Henry "pulveriza" apoio e dificulta eleição de representante de Cáceres
A exemplo de eleições passadas, o deputado federal Pedro Henry, cacique político da Grande Cáceres, está apoiando mais de dois nomes do município na disputa à vaga na Assembleia. Essas amarrações beneficiam de um lado o parlamentar, porque, em moeda de troca, passa a ter mais cabos eleitorais na corrida à reeleição, mas, de outro, acabam por dificultar uma região com 22 municípios e cerca de 200 mil eleitores a eleger deputado estadual. Foi assim nos últimos três pleitos (1998, 2002 e 2006). O último deputado eleito por Cáceres foi José Lacerda (PMDB), em 94. Mesmo sob desgaste por causa do envolvimento do seu nome em escândalos políticos, Henry impõe sua liderança na região e é tido pelo PP como um dos que mais terão votos à Câmara Federal.
Desta vez, Pedro Henry, ex-vice-prefeito, ex-diretor da Sanemat e deputado de terceiro mandato, está reforçando os projetos de reeleição dos já deputados Airton Rondina, o Português, de Araputanga, e de Antonio Azambuja, de Pontes e Lacerda. Ele abriu as portas do chamado curral eleitoral de Cáceres para os dois colegas do PP. Prometeu apoio também à pré-candidatura a estadual do presidente da Câmara Municipal de Cáceres, vereador Leomar Motta. Com essas frentes, Pedro Henry, estrategicamente, "sufoca" outros postulantes de Cáceres à cadeira de deputado, como o ex-vereador e vice-prefeito Wilson Kishi (PDT) e o tucano Celso Fanaia, aliado do prefeito Túlio Fontes (DEM). Curiosamente, todos pertenciam ao mesmo grupo político. Túlio e Henry estão rompidos.
Em 98, Pedro Henry, no PSDB, já era deputado federal. Ele apoiou na época para a Assembleia Túlio Fontes, então filiado no PDT, e também Duda Barros, da mesma sigla tucana. Assim, teve apoio dos dois para federal. Quanto à AL ninguem se elegeu. Nas eleições de 2002, Henry volta a apoiar dois: Kishi (então no PPB, que virou PP) e Francisco da Silva (ex-PSB). Com essa divisão de votos, Cáceres, outra vez, ficou sem representante no Legislativo mato-grossense.
No pleito de 2006, como Túlio e Kishi já estavam na oposição, Henry lançou Duda Barros, filho do ex-prefeito Aloísio de Barros, e abriu espaço em Cáceres para Português, ex-prefeito de Araputanga. Os irmãos Henry jogaram pesado para eleger Português ao ponto do então prefeito Ricardo Henry, meses antes das eleições, nomeá-lo como secretário de Governo. Com esse trunfo, o progressista se familiarizou mais com o eleitorado cacerense, trunfo fundamental para garantir cadeira de deputado. E, assim, atuam os caciques. Para levar vantagens eleitorais, eles recorrem a estratégia de pulverizar apoios para também receber mais adesões a seus projetos políticos e pessoais.
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