A mesma estiagem que compromete a safrinha do milho em Mato Grosso também deixa marcas nas lavouras de soja das sementeiras locais
MT tem perda de 10% na produção de sementes em 2010
A cerca de quatro meses para o início de uma nova temporada para sojicultura, em Mato Grosso, o mercado de sementes acende a luz amarela anunciando que poderão faltar algumas variedades em função da queda estimada de 10% na produção de cultivares este ano (safra 2009/2010). A ocorrência de duas estiagens durante a fase de desenvolvimento das lavouras e a maior incidência da ferrugem asiática da soja são as principais causas da queda da produção de sementes nesta safra. A estimativa é de uma produção de 180 mil toneladas de sementes.
De acordo com a Associação dos Produtores de Sementes do Estado (Aprosmat), Elton Hamer, a queda da produção não coloca em risco o abastecimento de sementes para a safra 2010/2011. “Normalmente, de uma forma ou de outra, o mercado acaba se ajustando e o abastecimento será normalizado”. O problema, segundo ele, poderá ocorrer com algumas cultivares do mercado. Neste caso, o produtor terá de substituir as cultivares em falta pelas variedades mais adaptadas à região para não reduzir a tecnologia e perder produtividade.
“Os produtores provavelmente terão de buscar variedades em outras regiões do país, mas haverá estoque para atender a todos, já que as variedades mais adaptadas à região são produzidas no próprio Estado. Material não faltará para atender aos produtores. Pode ser que eles apenas não encontrem o portfólio desejado, com as variedades mais concorridas, mas não deixará de ser atendido e conseqüente não plantar”, frisa Hamer.
No ano passado, algumas variedades chegaram e ficar em falta no mercado. A recomendação é para que, caso falte alguma variedade no Estado este ano, o produtor busque em outras regiões cultivares adaptadas à região, como as produzidas na Bahia, Goiás e Minas Gerais. Mas a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja) faz um alerta: o produtor que comprar fora tem que tomar muito cuidado com sementes de baixa qualidade, procurando as variedades mais adaptadas à região.
MERCADO - Os grãos para plantio produzidos pelas sementeiras de Mato Grosso respondem por cerca de 80% do mercado. A colheita já está concluída. Em Mato Grosso, o município de Pedra Preta e Alto Garças, localizados acima da Serra da Petrovina, são os maiores produtores de sementes do Estado, respondendo por mais de 50% de toda a produção da região sul.
Segundo Elton Hamer, o consumo de sementes em Mato Grosso é muito relativo. “Não existe um número absoluto de produção, pois o volume depende do tamanho da semente e da produtividade de cada cultivar”.
TRANSGÊNICOS – Segundo a Aprosmat, a demanda por sementes OGM - geneticamente modificadas – tendem a aumentar a cada ano, em Mato Grosso, com a expansão da área plantada. Do total de 6,2 milhões de hectares plantados na safra 09/10, aproximadamente 60% (3,70 milhões de hectares) foram cultivados com sementes transgênicas. Na safra anterior, a participação de sementes OGM era de 50% - 2,95 milhões de hectares – para uma área total plantada de 5,9 milhões de hectares.
Para a safra 10/11, a previsão da Aprosmat indica uma participação de 70% de sementes geneticamente modificadas em Mato Grosso, contra 30% de grãos convencionais.
Na opinião de Odílio Baldinotti Filho, vice-presidente da Unisoja, o mercado de sementes “vai trabalhar justo” em 2010, com possibilidade de faltar algumas variedades.
Em Mato Grosso são 35 sementeiras. As estatísticas apontam o crescimento de participação da TMG e Fundação Mato Grosso (FMT) no mercado de sementes no Estado. Juntas, elas vão responder por 44,47% da produção total do Estado na nova safra 10/11, contra uma participação de 38,37% na safra anterior. No mercado convencional, TMG e FMT abocanham 41,77% do mercado de sementes na região.
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