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Quarta - 12 de Maio de 2010 às 01:44
Por: Alecy Alves

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Índios temem que, com funcionamento da usina, outros empreendimentos como este ‘invadam’ o Xingu
Índios temem que, com funcionamento da usina, outros empreendimentos como este ‘invadam’ o Xingu

A balsa de travessia do rio Xingu, no município de São José do Xingu (1.200 quilômetros de Cuiabá), deve ser reaberta provisoriamente na próxima segunda-feira. Nessa data, os índios que iniciaram o protesto no local se reunirão com o cacique Raoni, líder dos caiapó, uma das etnias que impedem a passagem de uma margem a outra do rio há cerca de 20 dias.

A liderança indígena está na França para o lançamento do livro "Raoni, memórias de um chefe indígena", de autoria do cineasta e escritor Jean Pierre Dutilleux, e buscar apoio contra o funcionamento da Hidrelétrica Belo Monte, em Altamira, no Pará.

O líder indígena teve um encontro com ex-presidente Jacques Chirac a quem pediu interferência junto ao governo brasileiro na tentativa de impedir a instalação da Belo Monte. Chirac governou a França por mais de 10 anos, entre 1995 e 2007.

Antes de seguir para França, como informou o cacique caiapó Megaron Txcurramã, Raoni passou na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina, onde está situada a balsa, recomendando a manutenção do protesto pelo menos até o retorno dele.

Líderes e guerreiros indígenas de diversas etnias estão se organizando e devem esperar pelo reencontro com o cacique Raoni pintados para a guerra.

A balsa está fechada há 20 dias em represália à decisão do governo Federal sobre a manutenção da usina. Essa é a principal ligação do Vale do Araguaia com o Nortão de Mato Grosso e algumas cidades do estado do Pará. Localizada na BR-080, antiga MT-322, a 40 quilômetros da cidade de São José do Xingu, a travessia é considerada fundamental para a economia da região.

Coordenador da Fundação Nacional do Índio em Colíder, Megaron informou ontem, por telefone, que a expectativa é que Raoni traga novas informações e apoios importantes contra construção da usina. No Brasil, nenhuma autoridade procurou os índios desde a interdição da balsa.

Mesmo não sendo diretamente atingidos pela Belo Monte os índios mato-grossenses entenderam que a liberação dessa hidrelétrica é um indicativo de que obras similares podem ser erguidas em reservas indígenas de Mato Grosso.

Megaron reforçou dizendo que o Brasil mantém, por enquanto, engavetados três planos de barragens para o Xingu que podem inundar o Parque do Xingu e as aldeias se, a exemplo dessa hidrelétrica, o governo decidir executá-los.






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