Brasil compartilha experiências de segurança alimentar com a África
Nesta terça-feira (11/5), durante o segundo dia do evento Diálogo Brasil - África, em Brasília (DF), a temática das palestras se concentrou no compartilhamento de experiências na área de segurança alimentar e nutricional. Os trabalhos foram presididos pelo ministro em exercício do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Rômulo Paes de Sousa.
Primeiro palestrante no painel “A Segurança Alimentar e Nutricional na África e no Brasil”, o ministro da Pesca e Aqüicultura, Altemir Gregolin, destacou as potencialidades do mercado pesqueiro nacional. De acordo com dados do ministério, o Brasil produz anualmente 1 milhão de toneladas de pescado, além de gerar 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos na área. No País, existem 800 mil famílias de pescadores e 100 mil de aqüicultores. “Segundo a FAO, temos potencial para produzir 20 milhões de toneladas por ano de pescado”, disse Gregolin fazendo referencia a informação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Também representante do Ministério do Desenvolvimento Social, a assessora especial do Fome Zero, Adriana Aranha, enfatizou a importância da estratégia como forma de assegurar aos brasileiros o direito à alimentação e acesso adequado aos alimentos. “Com isso, conseguimos reduzir em 73%, entre 1996 e 2006, a desnutrição infantil crônica na região Nordeste”, informou.
Já Adoniram Sanches, secretário Nacional de Agricultura Familiar do ministério do Desenvolvimento Agrário, enfatizou a determinação do presidente Lula de modernizar a agricultura familiar, mesmo no momento mais agudo da crise econômica global. “Neste período, o Governo Federal fez a opção de acelerar a distribuição de energia elétrica no campo, por meio do programa Luz para Todos”. Renato Maluf, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) salientou a importância da comunicação entre os órgãos na execução de uma política publica. “No Brasil, a Política de Segurança Alimentar tem diálogo com a saúde, educação e desenvolvimento social”, disse.
“Com orçamento de 1,8 bilhão de dólares para 2010, proporcionamos alimentação saudável para 47 milhões de estudantes das escolas públicas”, ressaltou Daniel Balaban, presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao ministério da Educação. Balaban informou que de todos os alimentos comprados pelo FNDE, 30%, obrigatoriamente, devem vir da agricultura familiar. “Com isso injetamos, aproximadamente, 520 milhões de dólares nas economias locais”, destacou.
Silvio Porto, diretor de Política Agrícola e Informação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), enfatizou a importância do diálogo entre as nações, mas ressaltou que a superação das dificuldades do continente africano passa por ele próprio. “Podemos contribuir, mas que o modelo de desenvolvimento seja das próprias nações africanas”.
Última painelista, Helena Senedo, diretora geral Assistente Regional da FAO para a África, fez uma breve apresentação sobre a situação do continente. Segundo Helena, desde o ano 2000, a agricultura cresce 3.5% ao ano, contra 2% de crescimento populacional. Os conflitos diminuíram de 15, em 2003, para 5, no final de 2009. Apesar dos números positivos, um dado ainda preocupa a humanidade. “Apesar da África receber ¼ da doação de alimentos no mundo, 30% da população ainda sofre com a fome”, afirmou Helena.
O ministro em exercício Rômulo Paes de Sousa encerrou a fase de exposição dos painelistas destacando que os representantes africanos devem levar às suas nações a vontade política e o compromisso em erradicar a fome. “A estratégia Fome Zero pode oferecer informações sobre efetiva qualidade de gestão que impeça os desperdícios de recursos”, disse.
O ministério das Relações Exteriores foi representado pelo embaixador Piragibe Tarragô. O Diálogo Brasil – África se encerra nesta quarta-feira (12) na capital federal.
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