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Saúde
Terça - 11 de Maio de 2010 às 11:28

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A maioria dos garotos da idade do britânico Taylor Kerkham estaria passando seu tempo brincando com os amigos, andando de bicicleta, subindo em árvores ou talvez chateando os vizinhos.

Em vez disso, Taylor, de 11 anos, está lutando contra a anorexia, após um período no qual comia tão pouco quanto meio tomate por dia e viu seu peso desabar de pouco mais de 50 quilos para cerca de 25 quilos em poucos meses.

Segundo ele, sua doença foi provocada por “alguns comentários” de colegas, que disseram que ele era “cheinho”.

Mas esses comentários o levaram a passar cinco meses internado em um hospital de Manchester no ano passado, enquanto sua família e os médicos tentavam persuadi-lo a comer.

“Eu não era gordo, mas um pouco cheinho, e decidi que ia fazer dieta. Comecei de maneira saudável, mas gostei de perder peso e fui longe demais. A anorexia tomou conta de mim”, conta Taylor.

“Todas as vezes que eu me pesava e havia perdido peso, tinha uma sensação de ter alcançado algo, ficava feliz, e tinha um objetivo pela frente”, relata.

Calorias

Taylor ficou com tanto medo de ganhar peso que começou a acreditar que tudo tinha grandes quantidades de calorias.

“Quando não comia o suficiente, meu cérebro não funcionava tão bem, e ficava pensando que havia calorias em tudo – não no ar, mas em tudo o que é sólido ou líquido, como xampu, sabão, lápis, borracha e coisas assim”, diz.

Seus pais, Cheryl e Simon, ficaram aterrorizados após serem avisados pelos médicos de que ele havia ficado tão magro que corria o risco de ter um ataque cardíaco a qualquer momento.

“Uma vez, num sábado, fizemos ele comer um biscoito de chocolate, e nas quatro horas seguintes ele não parava de chorar. Ele não acreditava em nós, achava que nós éramos os inimigos cujo único objetivo era deixá-lo gordo”, conta Simon.

Em certa ocasião, o garoto se recusou a comer qualquer coisa por um dia e meio.

“Ele parou até mesmo de beber água. Ele não falava direito, começou a jogar tudo no chão pela casa, e a única coisa que pude fazer foi ligar para o hospital”, conta a mãe.

Internação

Taylor passou cinco meses internado, quatro deles em uma unidade especializada em saúde mental de crianças e adolescentes.

A nutricionista pediátrica Sarah Le Grice trabalhou com ele para ajudá-lo a parar de temer a comida.

“Foi um processo de passo a passo, e ele finalmente começou a ver que precisava mudar. Nós o ensinamos sobre alimentação saudável, acalmando-o e elevando sua autoestima”, diz Le Grice.

Segundo ela, a anorexia não é tão incomum em garotos e homens como se pensa. A ONG B-eat, que ajuda pessoas que sofrem de anorexia e seus familiares, diz que uma em cada dez pessoas com a doença são do sexo masculino.

Taylor diz que se sentiu “aliviado” ao ser internado, sentindo que “não estava mais sozinho”, mas que ainda assim continuou a evitar a comida.

“Eles me davam comida e eu tinha que comer, mas eu derrubava de propósito a comida ou o leite para ter menos calorias”, diz.

Mudança

A mudança, segundo ele, ocorreu quando seu avô foi diagnosticado com câncer.

“Eu sabia que minha mãe estava triste com isso e queria fazê-la se sentir melhor – com seu pai doente, mas seu filho melhorando”, conta.

Com a ajuda de sua nutricionista e o apoio de sua família, Taylor conseguiu recuperar o peso perdido e hoje parece um garoto normal de sua idade.

Ele diz que gosta de cereais açucarados e adora macarrão com molho de queijo.

“De vez em quando eu ainda tenho uns pensamentos ruins, mas acho que preciso ser sensato e dizer para mim mesmo que não há problema em comer”, afirma.






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