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Agronegócios
Terça - 11 de Maio de 2010 às 08:56
Por: Marcondes Maciel

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Se para a Fiemt não há perigo na nova crise, a crise européia, para os sojicultores a interpretação é outra, há apreensão no segmento que produz o principal produto que é o carro-chefe das exportações mato-grossenses, a soja e seus subprodutos. “Volatilidade não é bom em nenhum momento para o produtor”, afirma o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), Carlos Fávaro, da Aprosoja. “Mais uma vez os produtores estão na eminência de cair numa armadilha, ou seja, vendendo a soja a um dólar baixo e possivelmente comprando insumos para a próxima safra com dólar alto. No ano passado, por exemplo, os produtores plantaram com dólar de R$ 2 e, este ano, estão vendendo com câmbio em R$ 1,75”. Ele diz que o momento exige muita “atenção e cautela” por parte do produtor.

Na opinião de Fávaro, a oscilação do câmbio é um dos piores efeitos da crise para o produtor, pois gera insegurança total no mercado. “A nossa recomendação neste momento é para que os produtores não dêem passos muito longos. Devem procurar viabilizar seus recursos onde sempre tiveram acesso e evitar expansão de área e novos investimentos”.

Além da volatilidade cambial, os produtores de Mato Grosso temem também pela fuga de investimentos e falta de crédito no mercado, a exemplo do que ocorreu com a crise mundial de 2008, deflagrada nos Estados Unidos.

O diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), diz que o setor agrícola é movido pelos investimentos e qualquer crise que possa colocar em risco o sistema de crédito é motivo de preocupação. “Se a crise for contornada logo, poderemos retornar à normalidade sem grandes perdas para o agricultor. Porém, se a situação perdurar por muito tempo e a crise avançar por todo o continente europeu, vamos sofrer as conseqüências assim como aconteceu com a crise americana de 2008”, avalia.

De acordo com os analistas, a crise dos Piigs deve provocar a depreciação do euro em relação a outras moedas. Com a desvalorização da moeda da União Européia, o dólar, esquecido recentemente, deve retomar o poder de atração. “Em momentos de incerteza, investidores procuram refúgio em algo seguro - como o dólar e títulos do governo dos Estados Unidos. Então veremos uma alta da moeda norte-americana e saída de capital estrangeiro”, prevê Luiz Augusto Pacheco.

DOIS EFEITOS – Para o analista Eduardo Godoy, da AgRural, existem dois efeitos indiretos muito importantes da crise européia que podem afetar o produtor de Mato Grosso. “O primeiro é que com a crise no mercado europeu, teme-se que ocorra uma aversão ao risco por parte dos investidores que aplicam parte do seu capital em commodities. Em momento de crise existe a possibilidade de os investidores retirarem dinheiro das commodoties e aplicarem em dólar. Já podemos ver os preços em Chicago sofrerem redução devido à saída de capital especulativo”, frisa.

Outro efetivo, na avaliação de Godoy, é que o mesmo movimento acaba influenciando na cotação do câmbio. “O fluxo de saída de dinheiro de commodities em direção ao dólar faz com que o dólar se valorize frente a outras moedas. Ou seja: vemos um cenário em que o dólar será fortalecido, podendo beneficiar os produtores que ainda não comercializaram toda a sua safra”.

Na avaliação do coordenador do Centro de Comercialização de Grãos (Centro Grãos) da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado, João Birkham, a crise européia não deverá trazer grandes reflexos para a economia mato-grossense. “A volatilidade do dólar é ruim, mas câmbio alto favorece as exportações. Na minha opinião, esta crise não assusta porque governos de outros países já estão socorrendo o bloco que está em crise”.






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