Falta liderança à Dilma, diz FHC em programa de TV
Presidente do Brasil por dois mandatos (1995 a 2003), Fernando Henrique Cardoso (FHC), disse na madrugada desta segunda-feira que falta liderança à pré-candidata à presidência pelo Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff: "ela vai ter que liderar o Congresso, e é muito difícil negociar com o Congresso. Ela não tem experiência "fora" e ainda está muito ancorada no Lula". FHC também falou sobre José Serra, pré-candidato do seu partido, o Partido da Social Democracia Brasileira(PSDB), que ele tem "luz própria", e que não descarta ter Aécio Neves (PSDB), atual governador do Estado de Minas Gerais, como vice de Serra, especialmente pela importância que Minas Gerais como colégio eleitoral. "Mesmo que Aécio não seja vice, é importante que ele esteja no imaginário popular como aliado de Serra". As declarações foram feitas ao programa É Notícia, da Rede TV!.
De volta à vida acadêmica desde que deixou a presidência, o também sociólogo e cientista político Fernando Henrique Cardoso disse que nunca cogitou concorrer novamente para o cargo de presidente e que, estando fora da mídia, está também fora da vida política. FHC disse que José Serra tomou a decisão certa ao se candidatar à presidente, mesmo tendo deixado para trás uma "reeleição garantida" como governador do Estado de São Paulo, em troca de uma eleição mais arriscada, mas ainda assim possível e provável.
O presidente disse também que não teme as comparações entre seus oito anos de governo e os oito anos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que logo ambos serão "história, tema de análise". Ainda assim, FHC contestou as comparações que são feitas entre os mandatos, e disse que o salário mínino foi tão valorizado no seu governo quanto no de Lula e que as críticas feitas às privatizações na época devem ser reconsideradas, especialmente depois leilão de Belo Monte. "Nossas privatizações foram muito bem sucedidas. O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás nós nunca dissemos que íamos privatizar, apenas transformamos as três em empresas rentáveis".
Fernando Henrique também falou da crise econômica que assolou o mundo recentemente, disse que o Brasil reagiu bem ao problema, mas que exagerou na política de subsídio. O presidente rebateu as acusações de que tenha chamado Lula de autoritário, mas falou que a escolha de Dilma Rousseff como pré-candidata à presidência foi um "dedaço" e que essa é uma atitude autoritária. "O Lula se tornou muito maior que o PT".
O presidente falou também do período de transição, quando esteve mais próximo de Lula, e classificou o processo como tranquilo. FHC, que esteve exilado durante a ditadura militar, disse que foi correta a decisão de não punir os torturadores pela Lei da Anistia, pois sem "revanchismo", pode se tornar mais fácil para os brasileiros descobrir o que houve com os presos e desaparecidos políticos.
Comentários