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Segunda - 10 de Maio de 2010 às 03:07
Por: Caroline Rodrigues

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Longa espera termina, muitas vezes, em revolta dos usuários e algumas unidades não têm nem mesmo vigias
Longa espera termina, muitas vezes, em revolta dos usuários e algumas unidades não têm nem mesmo vigias

A falta de segurança assusta os servidores nas Policlínicas de Cuiabá. Eles são agredidos verbalmente e até fisicamente por pacientes que buscam atendimento e se irritam com a falta de estrutura e a espera de mais de 3 horas por uma consulta. As unidades do Verdão e Planalto possuem um vigia patrimonial, que não anda armado, e também tem medo de enfrentar os usuários. Já na Policlínica do Coxipó, onde houve um tiroteio no ano passado, não há ninguém.

O resultado da violência está nos bancos colocados recentemente e quebrados pelo uso inadequado, bem como na destruição de equipamentos. Alguns profissionais chegam a pedir a demissão depois de presenciar uma confusão.

A equipe de reportagem esteve nas 3 principais Policlínicas da cidade durante à noite para constatar a falta de segurança dos servidores. Em todas as unidades, a sala de espera estava lotada e os pacientes queixavam-se da falta de atendimento.

No Verdão, os usuários eram agressivos com a recepcionista porque queriam saber o motivo da fila de atendimento ter parado. Ela explicava que a médica estava passando mal e a administração estava procurando um substituto. A resposta deixava as pessoas ainda mais impacientes.

Na Policlínica do Planalto, a enfermeira Ana Paula Lombardi conta que os acentos foram trocados por bancos de madeira devido a depredação.

Ela explica que são mais de 300 atendimentos por dia e são 2 médicos por plantão. Os profissionais precisam de tempo para fazer um trabalho de qualidade e as pessoas não têm paciência. "Caso a consulta não seja bem sucedida, a pessoa acaba voltando e não tem o problema resolvido".

O segurança Alex Sandro fala que é preciso ter estratégia. Quando ele percebe que alguém está fora de controle, procura aproximar-se e chamar para conversar em outro ambiente, onde a enfermeira faz o atendimento prévio e tenta mostrar que o atendimento não é de urgência. Muitas vezes, a conversa não tem o efeito esperado e a Polícia Militar precisa ser acionada para tentar controlar o usuário. O segurança disse que nunca foi agredido fisicamente, mas já foi alvo de humilhação por palavras de baixo calão.

Na Policlínica do Verdão, o vigia já chegou a receber socos e tapas de um usuário. O filho do agressor estava doente e segundo as normas da unidade, apenas 1 acompanhante pode entrar no interior da unidade com o paciente. O homem queria forçar a entrada e não aceitou a explicação dos funcionários. O caso acabou na Polícia e em processo judicial.

No ano passado, depois de uma queda na energia elétrica, um paciente saiu da sala gritando, ameaçou os trabalhadores de morte e quebrou vários equipamentos. Nem a porta da frente escapou da crise do rapaz, que acabou na delegacia.

Funcionários que estavam no local dizem que passaram por uma situação de pânico e que preferem nem lembrar.

O local fica perto de uma feira, que é repleta de usuários de drogas e bebidas alcoólicas. Durante a madrugada, eles invadem o ambiente e começam a fazer brincadeiras desagradáveis e chegam a assustar as pessoas que estão aguardando.

No Coxipó, médicos e enfermeiras recusam-se a atender à noite porque estão com medo. Eles preferem deixar o emprego devido ao risco. Os servidores reclamam também do salário que, segundo eles, não tem incluso o adicional por insalubridade.

Não há nenhum tipo de segurança e de acordo com uma funcionária, que não quer se identificar, depois das 24h, o tumulto aumenta e não há porta na frente para controlar a entrada.

Ela argumenta que o número de pacientes aumentou 100% depois que o Hospital e Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC) passou a atender apenas casos de urgência e emergência, mas a quantidade de profissionais continua a mesma.

O fato faz com que o tempo de espera cresça e a população se revolte. "Às vezes parece que a pessoa está extravasando o estresse do dia-a-dia na recepcionista".

Falta de atendimento - O cozinheiro Flávio Marcos Rondon, 41, esperava atendimento na Policlínica do Planalto. Ele falou que já tinha ido 3 dias consecutivos e não conseguiu passar pela consulta. O paciente relata que tem uma quantidade limitada de atendimento por turno e ele sempre é remanejado para o turno seguinte. Flávio sentia febre e muitas dores de cabeça e conseguiu ser atendido depois da 21 horas de quinta-feira (6).

O pedreiro Paulo Cezar, 37, também estava na recepção. O homem não conseguia nem sequer ficar de pé porque sentia muitas dores no corpo. Nestas condições, ele ficou escorado em um pilar por mais de 3 horas, antes de ser chamado pelos enfermeiros.

A estudante Bianca Costa, 17, esperava para consultar na Policlínica do Coxipó. Ela estava há mais de 4 horas aguardando ser chamada e a expectativa era ser atendida por volta das 24h. A jovem estava preocupada com o retorno para casa.

Ela mora no bairro Tijucal e depois da 23 horas funciona apenas o ônibus corujão e não tem movimento nos pontos, que ficam escuros e propícios para a ação de criminosos.

O motorista desempregado Walmir de Arruda conta que pegou dinheiro emprestado para pagar a condução e caso não seja atendido não tem condições de retornar.

Outro lado - A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou, por meio da assessoria de imprensa, que é ciente do problema da segurança e já solicitou à Polícia Militar (PM) que coloque câmeras de segurança no local, mas o pedido não foi atendido. Segundo a SMS, o órgão está buscando parceira com os responsáveis pela segurança pública para resolver o problema.





Fonte: A Gazeta

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